Longe dos holofotes dos ‘famosos’, fora dos bastidores do poder e off-line das redes sociais, as pessoas têm rosto, dores, alegrias, tristezas e histórias. Algumas com um final feliz. Outras, um triste fim. E a morte de Éder Fábio Peixer, é uma dessas histórias que se custa a acreditar. Sim, em pleno século XXI, na era da informação, do avanço tecnológico, mas também na época da falta de – por que não – humanidade, ainda se morre de picada de cobra.
O que parecia ser um atendimento de rotina, ou seja, uma dose certa de antídoto e o veneno estaria neutralizado, se transformou em um verdadeiro calvário para ele – que perdeu a vida – e, agora, para toda a família. Afinal, uma morte não leva simplesmente a vida de quem a perdeu, mas marca toda uma geração.
Na manhã desta quarta-feira, 22, fui a campo para buscar mais detalhes junto aos familiares de Éder. Após algumas informações, cheguei à sua morada terrena. A mãe da esposa da vítima é quem me atende e sai para comunicar a filha sobre a visita de um jornalista. Ao olhar ao lado, um varal cheio de roupas de bebê é a certeza de que, apesar da morte do pai, a filha tem toda uma vida pela frente. Conquistas que acontecerão com a força da mãe, o carinho dos familiares e a ausência do pai.
Em menos de um minuto, quem chega à porta é a esposa. Nos braços, a pequena e linda menina que, imune ao que acontece, apenas tem no conforto de um abraço maternal, todas as forças necessárias para crescer e viver.
A esposa agradece, mas diz que não tem condições de falar sobre o assunto, nesse momento. “Ainda estou muito abalada com tudo isso”, resume.
Também agradeço só que, ao olhar aquela cena, a mãe, abalada pela morte do esposo, mas com a filha no colo, minha voz já não transparece a mesma firmeza. Pelo contrário, o som sai embargado e tento manter a postura, mediante a um verdadeiro ‘embrulho no estômago’.
Entro no carro e, na volta para a redação, sozinho, não contenho as lágrimas.
Sim, há notícias que apenas se informa. Outras, que se vive, sofre e se chora, e nos faz repensar de que cada ser humano tem uma história para contar: uma tristeza que se vive, ou uma verdadeira alegria que enche toda uma casa.
No caso de Éder Fábio Peixer, a morte veio, poderia ter sido evitada, mas não se sabe bem o que realmente impediu de, em pleno 2017, o antídoto não funcionar como deveria. E o que resta, nesse vácuo que fica para toda a família, são os bons atos em vida, o carinho com a esposa e a tão sonhada filha, que nasceu há apenas alguns meses.