Operação Lavajato e delações premiadas já atingem políticos de Santa Catarina e lideranças do PSD que comanda o estado. De acordo com relatos de colaboração premiada de dois ex-executivos da Odebrecht Ambiental, braço de saneamento da construtora, Raimundo Colombo (PSD) e homens de sua confiança teriam pedido um total de R$ 17,1 milhões em doações não contabilizadas (caixa 2) para representantes da Odebrecht entre 2010 e 2015. O destino dos valores seria campanhas de Colombo e de outros candidatos da cúpula do PSD catarinense.
Íntegra das colaborações cita José Carlos Oneda, Nelson Serpa, Ênio Branco, Dalírio Beber, Gelson Merisio, Cesar Sousa Jr e José Nei Ascari. Merísio foi o deputado estadual com a maior votação em São João Batista na eleição de 2012 e tem laços estreitos com o prefeito Daniel Cândido. Já Cesar Sousa Jr esteve na Capital Catarinense do Calçado nesta semana oficializando o repasse de emenda de mais de R$ 700 mil.
O governador catarinense teria pedido dinheiro em diversas oportunidades para companhas próprias e de outros candidatos do PSD nas eleições de 2010, 2012 e 2014, de acordo com a íntegra das petições liberadas pelo STF com trechos das delações de ex-diretores da Odebrecht. O apoio fora do alcance da Justiça Eleitoral estaria relacionado à intenção de privatizar a Casan, com provável interesse de participação da Odebrecht Ambiental. Os delatores narram as etapas da negociação, que incluíram mudanças na legislação propostas pelo Executivo para viabilizar a venda de ações da concessionária de saneamento. No entanto, o baixo valor de mercado esfriou o negócio nos anos seguintes.
Nos relatos de colaboração premiada, os ex-diretores ainda mencionaram pedidos de dinheiro feitos por Ênio Branco e Antônio Gavazzoni para as eleições de 2012, em apoio ao candidato prefeitura de Florianópolis, Cesar Souza Junior, e em 2014 para campanhas dos deputados Gelson Merisio, apelidado de “Cunhado”, e José Nei Ascari, chamado de “Herdeiro”. Todos são do PSD.
Ano passado, o vazamento das planilhas da Odebrecht pela primeiras vez colocaram seu nome entre possíveis envolvidos na Operação Lava-Jato. O que aparece nas delações é o detalhamento de uma relação continuada entre Colombo e seus homens de confiança com a empreiteira. Nessa relação, pelo relato dos delatores, a possibilidade de venda das ações da Casan teria sido utilizada sistematicamente como forma de conquistar recursos para o projeto eleitoral.
Em fim de mandato Raimundo Colombo pretende se candidatar a uma vaga ao Senado em 2018, já Gelson Merísio tem articulado sua candidatura ao Governo do Estado e já forma um blocão incluindo o PSB e PP. No fim de semana a pré-cadidatura do pesedista foi oficializada e membros do partido de Tijucas e São João Batista participaram do evento dando apoio a empreitada do deputado.
O QUE DIZ O DEPUTADO GELSON MERÍSIO:
Os deputados estaduais Gelson Merisio e José Nei Ascari informam que não existem sobre eles quaisquer procedimentos investigativos instaurados, em qualquer esfera do poder judiciário, relativo aos fatos da lava-jato.
Em razão do recesso de Páscoa que impossibilita a obtenção dos documentos necessários nesta data, apresentarão no decorrer da próxima semana todos os documentos oficiais que comprovam a inexistência de qualquer procedimento investigativo.