A oposição ainda está juntando o que sobrou do confronto eleitoral de 2016 para decidir o que fazer. Na disputa pela prefeitura levou um banho de articulação política e viu o projeto de voltar ao comando do município, e ter maioria na Câmara, naufragar. Foram duas derrotas. Ainda que tenha conseguido cinco vagas no Legislativo, se vê confrontada com a realidade que pede mudança de hábitos.
Das primeiras sessões na Câmara de Vereadores de Vereadores de São João Batista, já se consegue extrair a falta de um caminho claro. Fica evidente que estão tentando se reinserir no quadro político sem ter uma posição automática contra o governo. Respaldado pelas urnas e por uma maioria confortável no Legislativo, Daniel e seu grupo estão em vantagem.
É paralelo com o que ocorreu com o PP estadual, que sem um projeto de oposição, foi alijado após 14 anos de contrariedade ao grupão formado por PMDB, PSDB, PSD, teve que se unir com os antigos inimigos e ganhar sobrevida. No caso da oposição batistense, perdeu a prefeitura em 2012, manteve a maioria na Câmara de Vereadores e em 2016 além de perder a eleição majoritária viu sua maioria no Legislativo se perder.
Problema da oposição não está simplesmente na definição de nomes que possam disputar uma eleição. Há dois ingredientes tão relevantes quanto à escolha de nomes. O primeiro é a montagem de uma estratégia clara para os próximos anos, com aglutinação de lideranças. O segundo é a decisão sobre ideias que nortearão seus discursos e aproximação com o eleitorado. Falta desses dois pontos talvez seja mais estratégico para explicar as dificuldades do bloco, do que as próprias derrotas nas urnas.
Negar indiscriminadamente a qualidade de todos os projetos governistas está provado que não funciona. Essa estratégia só daria certo contra um prefeito fracassado, uma aposta que não poderá ser feita de maneira tão cabal contra um governante reeleito com a votação que Daniel Cândido teve. Muitos analistas têm dito que não há espaço para uma agenda contrária ao governismo. Com certeza, isso é verdadeiro para algumas ações, mas há temas que podem ser explorados.
Em resumo, a oposição não pode perder tempo nas disputas entre suas personalidades. Se isso levará inexoravelmente a um encolhimento ainda maior dessa força política, é cedo para dizer. O certo é que jogo tomou o caminho mais difícil. Passado o primeiro mês de atuação no legislativo já é possível identificar a falta de coesão da bancada. Os cinco vereadores que compõe a oposição, não tem ao menos se reunido para discutir estratégias. Sem um plano, o grupo poderá enfrentar um encolhimento mais acelerado.
As margens da deficiência no discurso terá que lidar com questões mais práticas, como o processo que envolve o uso de combustíveis nas eleições. Além dos candidatos a prefeito e vice, envolve também 20 candidatos a vereadores, entre eles eleitos. Independente do entendimento da justiça no decurso da ação é inevitável que aconteçam desgastes. Ainda que tenha tido resultados adversos nas últimas eleições, os opositores possuem capital político. Não é desprezível, mas lidar com questões da vida real daqui por diante é o desafio.
UMA ILHA
Isoladamente os vereadores da bancada de oposição tentam definir uma programática. Tem solicitado recursos junto aos deputados estaduais e defender bandeiras que criem identidade com a comunidade. Juliano Peixer (PEN), Alécio Boratti (PP), Fábio da Ravel (PP), Betinho Souza (PPS) e Carlinhos (PP) agem neste sentido. Indicações, requerimentos e discursos vai no mesmo sentido, ainda que sejam ações isoladas. Pode ser a alternativa, e aproveitar o fato do PP estar alinhado com o Governo do Estado e estar no comando da Assembleia Legislativa.
Aliás, os vereadores batistenses podem tirar proveito do ‘casamento’ entre PP e PSD no estado para reconstruir um programa de município, olhando para 2020. Atração de novos recursos, com os dedos dos parlamentares seria salutar. Além de auxiliar na construção do discurso político, ajudaria suavizar a imagem e beneficiaria a cidade. Mais do que discursos inflamados é necessário ações práticas.
DEBANDADA
Movimentos nos bastidores indicam que pode haver uma debandada de partidos que compõe a oposição. Poderão pular para o ninho tucano e traçar, a partir dai, um projeto para 2020. As conversas já iniciaram. Seria o inicio da criação de uma oposição mais na base da ‘paz e amor’ com construção de novas lideranças e projeto de longo prazo para a cidade.