De poucos anos para cá, a representação feminina no universo cinematográfico tem sido abordada de uma maneira pouco estereotipada – pelo menos, essa é a ideia. O reflexo dessa mudança é claramente perceptível em Enola Holmes, um filme leve, divertido e familiar, o qual foi adicionado recentemente ao catálogo da empresa de streaming Netflix.
Na obra, a representação da força feminina é bem atual. No entanto, o contexto histórico exibido é 1884. Enola é uma adolescente à procura da mãe e fugitiva dos irmãos, Sherlock e Microft Holmes, cujos laços familiares são quase nulos – tanto que um deles insiste demasiadamente em transformá-la numa dama, renegando a fortaleza e natureza da irmã que, é claro, não cede.
O filme é recheado de ensinamentos marcantes, os quais não funcionam apenas como pensamentos perdidos de ou para Enola, mas também (e principalmente) como conselhos para quem os assiste. A frase “Eu não podia suportar que este mundo fosse o seu futuro. Então tive que lutar. Você precisa fazer barulho se quiser ser ouvida”, é um belíssimo exemplo disso.
E Enola fez muito barulho mesmo! Movida por aventuras, a adolescente é independente, esperta e sagaz. Vai da luta à sensibilidade poética em segundos. A retratação artística engloba a semelhança entre a irmã mais nova e Sherlock. O detetive, por sua vez, pouco protagonismo tem. E justo! O brilho é único e exclusivo de Enola.
Alegre e forte, a protagonista Millie Bobby Brown (a Eleven, de Stranger Things) ostenta um talento inquestionável a cada frame. E por falar nas cenas, o destaque vai para o formato de “quarta parede”, usado e abusado na filmagem do longa.
É verdade que a Netflix está enfrentando alguns problemas judiciais com relação à obra (a família de Conan Doyle, autor de Sherlock Holmes, entrou com um processo por violação de direitos autorais), mas estima-se que o filme possa ganhar continuação e acabar virando uma franquia. Conteúdo há. Aclamação… há também!