A Polícia Civil de Minas Gerais finalizou as investigações sobre o trágico acidente aéreo que resultou na perda da cantora Marília Mendonça e outras quatro pessoas em novembro de 2021. Durante uma coletiva transmitida nesta quarta-feira, 4 de outubro, os investigadores confirmaram que a queda do avião de pequeno porte foi ocasionada por falhas dos pilotos Geraldo Martins de Medeiros Junior e Tarcísio Pessoa Viana.
Os investigadores observaram que, por razões até então inexplicáveis, a tripulação agiu com negligência e imprudência, levando à tragédia. Ivan Lopes Sales, um dos delegados envolvidos no caso, afirmou: “Os pilotos, por circunstâncias que não podem ser justificadas até o momento, agiram com negligência e imprudência”. A polícia imputou o crime de homicídio culposo aos pilotos, mas solicitou o arquivamento do caso devido ao falecimento de todos os ocupantes da aeronave.
Conforme detalhado pelo delegado, não apenas era uma exigência ter sinalizações nas torres, mas também havia protocolos e procedimentos a serem seguidos, incluindo uma avaliação prévia de possíveis obstáculos no trajeto, o que não foi realizado. Em caso de não realização dessa avaliação, o voo deveria prosseguir em altitude reduzida, o que também não foi feito.
Sales sublinhou ainda que havia documentos que permitiriam a identificação das torres, além do EGPWS, um dispositivo que emite alertas sonoros quando há aproximação de morros e obstáculos. “É verdade que esse dispositivo pode ser desativado pelos pilotos, pois à medida que a aeronave se aproxima do solo, começa a emitir esses avisos. A aeronáutica não conseguiu confirmar essa informação, devido à deterioração da aeronave, se eles o desativaram ou não”.
A polícia também descartou a hipótese de crime ambiental relacionado ao vazamento de combustível da aeronave.
O acidente completa quase dois anos desde a fatídica data de 5 de novembro de 2021, quando Marília Mendonça, aos 26 anos, e outros ocupantes do avião perderam a vida após a aeronave cair em uma cachoeira em Caratinga, interior de Minas Gerais. Além da cantora, os pilotos, o produtor Henrique Ribeiro e o tio e assessor Abicieli Silveira Dias Filho também perderam suas vidas.
A aeronave, um bimotor King Air da Beech Aircraft fabricado em 1984, decolou de Goiânia com destino a Caratinga, onde Marília se apresentaria à noite. Infelizmente, a aeronave colidiu com uma torre de transmissão a 2 quilômetros da pista onde deveria pousar.
Em maio de 2023, um relatório do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), ligado ao Comando da Aeronáutica, concluiu que não houve falha mecânica e que o piloto contribuiu para o acidente ao tomar a decisão sobre a manobra para o pouso no aeroporto mineiro.