A Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) projeta um aumento de mais de 3% no consumo interno de calçados no Brasil em 2023. Essa alta apoiara o crescimento da indústria calçadista do país, sendo que as vendas no varejo doméstico absorvem mais de 85 % da produção do setor. No entanto, mesmo com esse incremento, o consumo de calçados ainda permanecerá cerca de 7% abaixo do nível pré-pandemia.
A apresentação foi realizada durante o evento Análise de Cenários, realizado pela Abicalçados, que também marcou o lançamento do Relatório Setorial Indústria de Calçados – Brasil. Segundo o relatório, fatores como a elevação mundial, o ajuste de estoques nos Estados Unidos, a redução dos preços dos fretes internacionais e a retomada da China após restrições relacionadas à política de Covid Zero devem impactar as exportações brasileiras.
Em relação à economia brasileira, espera-se um crescimento de 0,9% em 2023, após um crescimento de 2,9% no ano passado. Segundo especialistas, as dificuldades e a falta de investimentos públicos e privados limitaram o potencial de crescimento do país. O endividamento das famílias, ainda em níveis elevados, também pode impactar o crescimento da economia nacional.
No que diz respeito à produção e exportação de calçados, o Brasil é o quinto maior produtor do mundo, ficando atrás da China, Índia, Vietnã e Indonésia. Em 2022, foram produzidos 848,6 milhões de pares de calçados, um aumento de 3,6% em relação a 2021. As exportações também tiveram um papel importante no desempenho do setor, alcançando 141,9 milhões de pares e US$ 1, 3 bilhões em receita no ano passado, representando um aumento tanto em volume (+14,8%) quanto em receita (+45,5%) em relação a 2021.
No entanto, o relatório projeta uma redução nas exportações de calçados ao longo de 2023, devido ao desaquecimento de algumas das principais economias mundiais e à influência internacional. Estima-se que as exportações registrem quedas entre 6,7% e 9,1%, ficando entre 129 milhões e 132,4 milhões de pares de calçados.
Apesar do crescimento na produção de calçados, a indústria ainda não alcançou os níveis pré-pandemia, e as projeções mostram um crescimento mais lento em relação ao último ano. O relatório destaca que a produção de calçados deve manter um ritmo de crescimento superior à trajetória de crescimento da economia brasileira em 2023, mas ainda não retornará aos patamares de 2019.