Não estou carregando na tinta, pois a realidade é muito próxima do que escrevo e o problema é que se finge que não vê, porque é politicamente incorreto “dar nome aos bois”, e porque, humilhar educadores se transformou num programa político nos últimos anos. Ao que parece, todos os desafios de gestão estão, claro, no colo dos docentes. É lá que a ponta da faca aperta, e o primeiro a sentir o golpe.
Na educação, novamente, que a Administração de São João Batista mira suas armas, sob argumento de gestão fiscal. Os nomes mudam, a dinâmica também, mas o diabo mostra a face: corte de direitos, palavreado raso ao se referir a classe, comparações estrambólicas e nenhuma consideração por uma classe que tem nas mãos a missão de dar aos pequenos, rumo e futuro.
Educação virou números precários, reduzidos a contas de nível fundamental, e sem cuidado com o resultado final. Quando não é utilizado de desonestidade ao colocar uma classe de servidores contra a outra. O fato da polêmica envolvendo os profissionais da educação é simples: a Prefeitura pretende cortar implemento, licença prêmio, redução da progressão de carreira e triênio. Sem rodeios, o nome é desvalorização.
Com artifício de sanar contas públicas o sistema de educação ainda mais vulnerável, já que a Administração não apresenta nenhuma proposta real de um Plano de Carreira. Diz que vai fazer, mas primeiro quer cortar. Quer usar o fio do bigode, quando desde 2018 não paga os incrementos, que é direito da classe. A história se repete.
Em 2017, na gestão do ex-prefeito Daniel Cândido, foi aprovado pela Câmara de Vereadores, sob o mesmo argumento, a extinção do professor dois nas creches municipais. Repete o discurso. Também foi reduzido benefício pagos os diretores de escolas, o que faz com o município tenha dificuldades de nomear gestores escolares, já que os profissionais mais experientes teriam perdas salarias caso aceitassem a vaga. Mesmo argumento, mesma artimanha de ataque.
Nesse jogo, que vai corroendo a valorização dos profissionais da educação, as perdas serão somadas nas salas de aula, na redução da capacitação dos docentes, e brechas para novas investidas. Prefeitura tem alternativas para equacionar suas contas: reforma Administrativa ampla, redução de secretarias, cargos de indicação política e profissionalização da gestão financeira. Há outros modelos que não apenas com cortes em um sistema essencial.
Manifestação dos professores na noite desta segunda, é mais que necessária. É preciso repudiar com veemência os ataques sofridos pela classe, e defender que ao invés de cortes, se estabeleça novos mecanismos de estímulo a capacitação. Há de se fortalecer e apoiar medidas de valorização que partam do poder público e da sociedade. Que se faça o plano de carreira dos servidores, que todos sejam beneficiados, mas que tenha a premissa: educação é o único caminho para que nos desenvolvamos plenamente.
Nas escolas, os docentes são carne pra canhão, lançados a uma rotina de imprevisibilidade e responsabilidades, que vão além de apenas caderno e giz. Quem vive o dia a dia das escolas, sabe o calvário em que se transformou ser professor. É preciso, antes de mais nada, respeito com a classe. Será que a Administração Municipal será capaz de olhar para a educação, rever suas hostilidades e estabelecer tratativas sérias?
Immanuel Kant tem a frase perfeita: ‘homem não é nada além daquilo que a educação faz dele’. Educação não pode ser apenas plataforma de campanha e discurso de político em busca de votos. É preciso dar nome aos bois: é desvalorização e desrespeito.