Considerações a respeito do uso nocivo, abusivo e a dependência alcoólica.
Texto: Leonardo Leal Luchetta, batistense, psicologo clinico.
As bebidas alcoólicas estão presentes no nosso cotidiano. Elas são usadas para momentos recreativos e também para os momentos difíceis, sendo consideradas comuns no nosso dia a dia.
O uso das bebidas alcoólicas é tão comum na nossa sociedade que fica difícil perceber o limiar entre o beber socialmente e os problemas relacionados ao uso do álcool. Geralmente, esses problemas são percebidos somente em situações extremas, quando um grave acontecimento faz com que as pessoas passem a se preocupar com o uso exagerado das substancias alcoólicas.
A verdade é que o problema já pode estar ocorrendo, mas algumas pessoas talvez não estejam percebendo.
Não estou querendo dizer que o álcool é o vilão nessa história, muito pelo contrário. O problema não está na substância, mas sim na forma como a utilizamos.
Precisamos pensar também que o álcool e as drogas já existem a muito tempo e a humanidade tem um histórico de utilizar substâncias que alteram a consciência.
Por isso, nem sempre é fácil perceber os problemas relacionados ao uso do álcool. A fim de refletir sobre o tema, separei alguns conceitos sobre as bebidas alcoólicas para que seja mais fácil perceber se estamos utilizando o álcool de uma forma nociva ou abusiva, que pode levar a uma condição conhecida como a síndrome de dependência alcoólica.
O que irá diferenciar esses conceitos é o padrão de consumo do álcool. O uso considerado leve ou de baixo risco é aquele em que ocorre as precauções necessárias para prevenção de acidentes e consequências relacionadas ao uso do álcool, enquanto o uso nocivo é caracterizado pela presença de danos físicos e mentais decorrentes do uso com consequências sociais (como brigas, acidentes, entre outros, que não necessariamente são visto como graves), sendo considerado um padrão de uso de substâncias de abuso que causem danos à saúde.
Já a dependência alcoólica é um quadro clínico, caracterizado como uma síndrome sendo um padrão de consumo constante e descontrolado, em que se utiliza a bebida para aliviar sintomas de mal-estar e desconforto físico e/ou mental, que são consequências da crise de abstinência.
Como foi possível perceber, o uso do álcool pode trazer consequências, fazendo com que seja necessário tomar algumas precauções quanto ao uso das bebidas alcoólicas.
Quando falamos de bebidas, o mais sensato é usar com qualidade e não com quantidade, ou seja, em momentos de recreação no lugar de utilizar as bebidas de uma forma exagerada, pode ser mais interessante e benéfico utilizar substâncias com maior qualidade, que sirvam também para relaxar, sem que se beba exageradamente.
É interessante pensar que quando se tem um problema ou uma pré-disposição ao álcool, deve-se ficar mais alerta ao fato de que o álcool pode ser mais prejudicial na sua vida.
Mas afinal, como perceber se o álcool está se tornando um problema na minha vida?
Quando o álcool para de ser usado de uma forma recreativa e passa a se tornar uma necessidade, uma obrigatoriedade, isso é um grande indício de problema.
É preciso ficar atento também aos problemas que o álcool tem trazido para a sua vida. Pensar sobre as consequências do uso dele. Será que você fica agressivo quando bebe álcool ou se coloca em situações de risco após beber? (dirigir após consumir álcool, além de ser crime, é também um grande risco a sua vida e a das demais pessoas).
Quanto mais problemas associados ao álcool você tiver, mais atento você deve estar.
Como ocorre o tratamento de abuso e da síndrome de dependência?
Quando o uso é abusivo, não necessariamente será preciso utilizar medicamentos. Será necessário apenas uma mudança de comportamento para diminuir o consumo e beber de uma forma mais responsável.
Em alguns casos é aconselhável procurar um psicólogo que estará apto a te auxiliar na mudança de comportamento, na percepção dos comportamentos de risco e na diminuição ou extinção do uso da bebida.
Quando se trata de um caso de síndrome de dependência alcoólica, o tratamento é um pouco mais complexo, sendo necessário uma equipe multiprofissional e, dependendo do caso, até uma internação que pode ser voluntária (quando a pessoa aceita a internação), não voluntário (quando é solicitada por familiares) ou compulsório (quando é solicitada por um juiz).
O tratamento geralmente é feito com auxílio de medicamentos, mudança comportamental, terapia, apoio familiar e busca por uma nova condição de vida. Quem sofre da dependência alcoólica afirma que essa é uma batalha diária.
Para não chegarmos aos casos extremos precisamos então nos prevenir e começar a nos preocupar com a forma como estamos lidando com o álcool e o que podemos fazer no agora para que não soframos no futuro.
Quanto mais informado e consciente você estiver a respeito da bebida alcoólica, suas consequências e malefícios, menos problemas você encontrará no futuro em relação às bebidas, evitando que elas se tornem um problema em sua vida.
Referência Bibliográfica:
MARQUES A. C. P. R & RIBEIRO M. Guia prático sobre uso, abuso e dependência de substâncias psicotrópicas para educadores e profissionais da saúde. Associação Brasileira de Estudos do Álcool e Outras Drogas. São Paulo: 2006