Nos últimos dois ou três dias Gian Cripriani sentia que estava partindo. Deixou seus recados, seus pedidos e expressou todo seu amor pela família e amigos que os visitaram. Ele fez piada. Sorriu até as últimas horas antes de partir. Foi o fim da luta do jovem contra o câncer e começo de uma saudade que tempo não pode curar.
O jovem neotrentino lutava contra a doença a três anos e meio. Foi internado no dia primeiro de novembro e morreu na madrugada do dia dois com falência múltipla dos órgãos. A irmã, Lais Cipriani, esteve ao lado dele até a última batida do coração. E esteve ao lado dele durante todo o processo. Ela faz o relato emocionado: “Ele fez piada e sorriu até as últimas horas antes de partir, o que conforta nossos corações. Tivemos tempo de abençoar a viagem, e hoje, apesar de toda a dor, estamos em paz”.
A morte de Gian foi causada por uma super disseminação da doença, um câncer chamado meduloblastoma. Além disso, conforme explica a irmã, ele foi acometido com um agravamento chamado carcinomatose leptomeníngea, uma espécie de disseminação ainda mais grave. É algo irreversível e causa falecimento dentro de pouco tempo.
De acordo com Lais, a causa da morte não teve “absolutamente nada a ver com o uso da fosfoetanolamina”. Gian foi um dos que conseguiu, através de ação na justiça, receber capsulas da substância. Diante da falta de tratamento pela medicina, já que o jovem havia sido dispensando pelos médicos e se se necessário receberia remédio para dor, a decisão foi buscar essa alternativa na esperança de melhoras.
“Infelizmente o Gian teve acesso à substância tarde de mais. Os pesquisadores indicam que deve ser ingerido com um mínimo de intervalo de seis meses da última quimioterapia”, afirma a irmã Lais.
A família decidiu divulgar que conseguiu a substância para que outras pessoas que buscam informação tivesse acesso e pudessem cultivar a esperança. A morte de Gian não tem relação com o uso da fosfoetanolamina, já que a doença estava em estagio avançado e a entrega das cápsulas foi tardia.
“Com muita responsabilidade e consciência, de que pudesse não fazer o efeito desejado, devido ao tratamento não ser da forma mais adequada e indicada. Ao mesmo tempo estas cápsulas, mantiveram nossa esperança nos últimos dias, pois o Gian fez uso somente por 10 dias”, relata Lais.
As cápsulas que deram esperança a Gian Cipriani e família, são também a esperança de milhões de brasileiros que pedem a liberação dos estudos e a distribuição de fosfoetanolamina. “Com consciência da real situação e muita responsabilidade, fizemos tudo que esteve ao nosso alcance pela saúde do Gian”.
Além da saudade, Gian deixa um exemplo de luta e amor pela vida. Não perdeu as esperanças nem nos últimos momentos. O que moveu Gian até o fim foram as substâncias que está disponível a todos: persistência e garra.