A editora Estrada de Papel lançou dois livros com temas inéditos na historiografia do Sul do Brasil, e têm como cenário o Vale do Rio Tijucas, Santa Catarina. “Boiteuxburgo: a cidade que um país esqueceu” é a história do Núcleo Colonial Federal Senador Esteves Júnior, no município de Major Gercino; “Cancionata: a revolta dos colonos e o martírio de Leopoldo Adami em Nova Trento” é a história do trisavô do escritor Saulo Adami, membro do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná e autor dos dois livros.
Sede do Núcleo Colonial Federal Senador Esteves Júnior, Boiteuxburgo foi implantada na década de 1910 para ser uma cidade modelo. As terras eram posse do governo, o colonizador trabalhava para o Núcleo e recebia por isto um salário, que lhe possibilitaria adquirir as terras, mas a compra dos lotes não era repassada para os herdeiros, que teriam de trabalhar para o Núcleo a fim de adquirir a propriedade. O repasse de verbas federais cessou quando representantes do presidente Jânio Quadros detectaram irregularidades na administração.
“A cidade-modelo não saiu do papel”, revela Saulo Adami. “Sua história se perdeu no caminho para Tijucas, engolida pela ambição, uma história que recenderá muitas controvérsias porque é feita de dúvidas e de silêncios”. Para escrever o livro, foram entrevistados alguns de seus moradores mais antigos, entre 2003 e 2006. O livro foi patrocinado pela empresa Otto Atacarejo, de Alcir Otto, filho de Antônio Otto, o principal entrevistado.
Em 1878, a revolta dos colonos sacudiram o Distrito Colonial Nova Trento, na Colônia Itajahy – Príncipe Dom Pedro, devido ao desprezo e a truculência de seus administradores no trato com os imigrantes italianos. Torturado, o tirolês Leopoldo Giuseppe Adami processou o agrimensor Edward Dorr, enquanto soldados enviados pelo governo da Província de Santa Catharina apaziguaram os colonos rebeldes: alguns foram presos, outros repatriados.
O depoimento de Leopoldo Adami foi coletado em 23 de outubro de 1878, quando relatou que dia 12, em torno de 4 horas da tarde, se dirigiu ao Barão de Holleben “para tratar de assuntos relacionados à situação de seu lote na colônia. Foi preso e amarrado a um esteio da casa de depósito de materiais, pelos braços e pernas, passando a corda pelo peito em cuja posição quase suspenso, permanecendo assim até as 10 horas da noite, mais ou menos”.
Além de revelar os conteúdos do processo movido por Leopoldo Adami contra os administradores do distrito colonial, o livro traz trechos dos depoimentos da vítima e testemunhas e revela outros casos semelhantes praticados pelos mesmos acusados: Dorr e Holleben foram afastados de seus cargos. Holleben cometeu suicídio em 1894, em uma das cartas que deixou aos amigos e familiares disse: “Melhor um fim com horror do que um horror sem fim”.
“Cancionata” narra ainda a trajetória dos descendentes de Leopoldo, que morreu em janeiro de 1884 por problemas pulmonares. Saulo Adami contou com a colaboração de outros autores e pesquisadores, incluindo os professores Juliano Martins Mazzola e Adriano Gripa, o historiador Kallil Assad e a psicóloga paranaense Jeanine Wandratsch Adami, que assinou o prefácio. O livro foi patrocinado pela Associação Beneficente Besenello (Nova Trento, SC) e Estoparia Catarinense (Brusque, SC).
Os livros podem ser adquiridos diretamente com o autor, através do e-mail: [email protected]. “Boiteuxburgo” tem 104 páginas e custa R$ 39,90; “Cancionata” tem 128 páginas e custa R$ 50,00 – incluindo as despesas postais. A editora Estrada de Papel foi criada em 2019 e seu primeiro livro (“Brusque”) foi lançado no mesmo ano.
Texto: Assessoria de Imprensa/Estrada de Papel.