A fotógrafa e escritora Virginia Maria Yunes participou de uma palestra na Escola de Educação Básica Professora Minervina Laus, em Canelinha, durante a manhã de quinta-feira. O tema foi o livro “Cartas entre Marias, uma viagem à Guiné-Bissau”, em que ela escreveu em parceria com Maria Isabel Leite.
Natural de Santa Fé, interior da Argentina, Virginia veio morar em Florianópolis aos nove anos de idade. Isso porque o pai foi lecionar na UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina – após fugir da Ditadura Militar nos país vizinho. Na Capital do Estado, ela cresceu e estudou Artes na Udesc – Universidade do Estado de Santa Catarina. Depois, também se formou em Farmácia (UFSC).
Mas foi a paixão pela fotografia que a fez percorrer vários países. Entre eles Guiné-Bissau, um pequeno país africano com contingente populacional de 1.008.500 habitantes, região do planeta que registra um dos piores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH).
Os noticiários e, até mesmo, alguns livros didáticos destacam apenas os problemas socioeconômicos do continente africano como a baixa expectativa de vida, doenças, subnutrição, conflitos étnico-separatistas, pobreza, entre outros fatores negativos. “Essas informações induzem a população a uma análise tendenciosa, prevalecendo os aspectos que denigrem a imagem do continente africano”, destaca.
Mas as escritoras produziram um excelente material sobre Guiné-Bissau que, inclusive, fala português. O livro possui belas fotos – de autoria de Virgínia – e enfatiza a pluralidade cultural e o cotidiano do país.
O livro conta a história de duas amigas – Ana Maria e Maria Cristina – que moram em Florianópolis. O pai de uma das personagens precisa realizar um trabalho em uma aldeia da Guiné-Bissau, e leva toda a família para o país africano. A partir desse momento, começam as trocas de cartas entre as duas amigas, havendo a descrição de alguns elementos culturais.
Ouça a Entrevista
Professora analisa como importante, a participação da escritora
O estudo sobre o livro na Minervina Laus faz parte do Penoa – Programa de Novas Oportunidades de Aprendizagem. Os estudantes têm como professora de Língua Portuguesa, Edvandra Mafeçolli Costa.
Ouve grande interesse por parte dos alunos em saber como vive o povo em Guiné-Bissau que, embora sejam africanos, assim como os brasileiros, foram Colônia de Portugal, e por isso falam também a Língua Portuguesa.
A escritora se fez presente e surpreendeu o público, ao trazer o estudante da UFSC, de nome Ulla, que pôde responder a vários questionamentos. Ele contou de como surgiu o crioulo, língua originada da fala do português com o africano.
Também destacou a admiração que Guiné Bissau tem pelo Brasil, do quanto é evoluído tecnologicamente em relação à África, e de que o voto eletrônico deve chegar lá somente em 2026. “Foi um momento de encantamento e riqueza cultural”, analisa a professora Edvandra.
A escritora contou quem eram as Marias que trocaram as cartas. Ou seja, que ela era uma das meninas e que é realmente uma fotógrafa, mas que sua amiga Maria Isabel, foi quem teve a ideia de reunir essas fotos e escreverem juntas o livro.