Os dados mais recentes de produção, exportação e varejo de calçados trouxeram um pouco mais de otimismo para os empresários do setor. Conforme dados mais recentes do IBGE, a produção aumentou consecutivamente nos meses de setembro e outubro (+5,2% e +6,6%) em relação aos meses correspondentes do ano passado. Por outro lado, devido a quedas acumuladas, especialmente no primeiro semestre de 2018, nos 10 meses persistiu um revés de 2,6%. Já o varejo do setor vem crescendo desde agosto, tendo fechado outubro com incremento de 4,1% em relação ao mês dez do ano passado. Assim como a produção, o acumulado foi prejudicado pela primeira parte do ano, fechando em queda de 2,3% no comparativo.
No mercado externo, a situação é semelhante, com crescimento no mês de novembro e queda no acumulado dos 11 meses. No mês passado foram embarcados 10,5 milhões de pares que geraram US$ 84,78 milhões, altas de 6,6% em volume e de 1,6% em receita no comparativo com igual mês de 2017. No acumulado a queda ainda é alta, de 8,6% em volume e de 9,8% em receita na relação com igual período do ano passado, alcançando 100 milhões de pares e US$ 878,5 milhões.
O presidente-executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), Heitor Klein, destaca que a recuperação dos últimos meses, somada à retomada da confiança tanto do empresário como do consumidor, podem dar um impulso nos resultados do final do ano e de 2019. “Nas festas de fim de ano, a estimativa do mercado, é de que vendamos até 5% mais do que no ano passado”, projeta. No entanto, mesmo com a recuperação verificada a partir de agosto, Klein não crê no fechamento positivo para 2018. “Tivemos um primeiro semestre muito ruim. Além das questões econômicas, de queda na demanda interna, tivemos as paralisações dos caminhoneiros, que causaram desabastecimento em muitas fábricas”, avalia.
Legado
Para Klein, o momento complicado para a indústria calçadista nacional deixou um legado importante. “Tivemos dois anos complicadíssimos, com quedas importantes na demanda interna – que absorve 85% da produção – e no exterior. Por outro lado, não percebemos um movimento significativo de fechamentos de fábricas, o que apontou para a saúde do setor. As empresas, aos poucos, vão percebendo a importância de se investir em práticas de inovação em gestão e produtos. Esperamos que esse movimento de mudança de mentalidade continue, mesmo com um melhor ambiente a partir de 2019”, comenta o executivo.
Próximo ano
O dirigente acredita que em 2019 deve seguir em curso a recuperação verificada nos últimos meses desse ano. “E acredito que essa retomada possa vir, especialmente, do mercado externo”, projeta. Para Klein, a demanda doméstica deve permanecer estável, com pequeno crescimento nos dois primeiros trimestres do ano que vem, com crescimento mais substancial a partir do terceiro. “Já no exterior, podemos ser beneficiados de alguma forma pela guerra comercial travada entre Estados Unidos e China”, diz. Segundo ele, os norte-americanos, que representam o maior mercado internacional para o calçado verde-amarelo, podem aumentar as importações dos produtos brasileiros em substituição aos asiáticos.
Calçadistas em 2018
Produção de calçados
Jan/Out 18 em relação a Jan/Out 17: -2,6%
Varejo de calçados
Jan/Out 18 em relação a Jan/Out 17: -2,3%
Exportação de calçados
Jan/Out 18 em relação a Jan/Out 17: -8,6% em volume e -9,8% em receita
Emprego
Out 18: 288 mil postos diretos, 3,4% menos do que o registro de 2017