A rápida deterioração da indústria calçadista, pelo fechamento forçado das unidades, medidas de isolamento e pressões pela suspensão das atividades ganhou destaque nacional. Em poucos dias o assunto teve projeção em noticiários de televisão, portais, jornais e também através de publicações na rede do empresário Luciano Hang.
Só na página do dono da Havan, o assunto teve mais de 46 mil curtidas, 46 mil compartilhamentos e 5,3 mil comentários. “Peguei este exemplo de São João Batista, em Santa Catarina, para mostrar tamanho do estrago pelo Brasil. Quarto maior polo calçadista do país, o coronavírus varreu a cidade, sem sequer ter um caso da doença”, escreveu Hang.
Na postagem ele diz que já foram mais de 2.400 demissões. Pedidos cancelados, máquinas paradas, fábricas fechando e demitindo em massa. O trabalho de uma vida indo por água abaixo. Ele diz que dos 5.550 municípios brasileiros, apenas 650 tiveram casos confirmados do vírus. “O tratamento não pode ser pior que a doença. O desemprego também leva ao caos e à morte”, argumenta.
Assunto também foi destacado na NSC TV através de uma ampla reportagem, mostrando o tamanho do problema para o polo calçadista. No G1 da Globo é revelado que os impactos da pandemia do novo coronavírus seguem afetando trabalhadores por todo o estado de Santa Catarina. Em São João Batista, de acordo com o sindicato que representa as indústrias da cidade, cerca de 2,5 mil funcionários da região perderam o emprego desde 18 de março, após o decreto de isolamento do governo do estado. Não há casos da doença na cidade.
De acordo com a reportagem, grande parte das demissões foi de funcionários que atuavam na produção de calçados no município, considerado a capital catarinense do produto. De acordo com o sindicato, o número de desligamentos representa mais de 40% do total de trabalhadores formais do setor.
O sindicato acredita que as demissões devem continuar acontecendo e que devem chegar a 50% dos quadro total de funcionários. São João Batista tem cerca de 250 empresas ligadas à fabricação de calçados. No total, empregam quase 6 mil trabalhadores de forma direta, sendo o principal eixo econômico do município.
Suspensão das atividades
Não houve decreto governamental para fechamento das indústrias, mas pressão na cidade que envolveu até mesmo o prefeito Daniel Cândido, encurralando os empresários, que deram férias coletivas e deixaram de entregar pedidos que estavam em produção. Em vídeo no dia 19 de março, Cândido afirmou que não tinha poder para decretar fechamento da indústria, mas fez apelo pelo encerramento das atividades.
Já na noite desta terça-feira (07), o prefeito batistense divulgou uma nova mensagem de vídeo falando sobre as demissões em massa na cidade, e disse que esse não seria momento para dispensa dos trabalhadores. “Recebemos a informação de que há mais empresas dando aviso prévio para os funcionários. Esse não é o momento para fazer demissões em massa”, disse o prefeito.
Suzana Santos demite em SJB e na Bahia
Os mais de 2.300 trabalhadores do Grupo Suzana Santos em São João Batista e na Bahia, começaram a receber aviso e serão dispensados. Em nota o grupo falou em “em reduzir quadro e medida emergencial”. Demissões também foram registradas em outras indústrias, com redução drástica da força de trabalho e férias para os que serão mantidos.
Em nota o Grupo explica que diante da situação vivenciada pela pandemia do Covid-19, “e em virtude da paralisação do comércio nacional e internacional, optou pela difícil decisão de momentaneamente reduzir o quadro de colaboradores, como medida emergencial”. O Grupo S. Santos está há 25 anos no mercado, produzindo as marcas Suzana Santos, Renata Mello, Patrícia Lopes e Azillê.
ViaScarpa fecha unidades de Major e Canelinha e demite
As unidades de produção da ViaScarpa em Canelinha e Major Gercino foram fechada. A empresa somou 180 demissões na semana passada. Além disso, 200 trabalhadores que começariam a ocupar nova unidade da empresa em São João Batista foram dispensados, antes mesmo de iniciar os trabalhos.