Dados elaborados pela Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) apontam que o mês de julho registrou queda nas exportações de calçados. No mês sete, os calçadistas embarcaram 8,6 milhões de pares que geraram US$ 78,6 milhões, números inferiores tanto em pares (-9,4%) quanto em dólares (-1,9%) no comparativo com o mesmo mês de 2015. Com isso, os exportadores acumularam 66,55 milhões de pares embarcados, o que gerou US$ 530,12 milhões nos sete meses do ano. Os números são 1,5% superiores em volume e 2,6% inferiores em receita no comparativo com igual período de 2015.
Para o presidente-executivo da Abicalçados, Heitor Klein, os números já refletem os efeitos da volatilidade cambial. “Desde o início do ano temos convivido com a instabilidade do câmbio, movimento que foi acentuado nos meses mais recentes e tem prejudicado as negociações com os importadores”, avalia, ressaltando que as recentes quedas da cotação do dólar têm aumentado a “inquietação” entre os exportadores.
Segundo Klein, a instabilidade da taxa cambial gera problemas nas negociações, ocasionando perda de rentabilidade para o exportador ou até mesmo cancelamentos em casos de desacordos. “Nas feiras internacionais do final do primeiro semestre negociamos as vendas com o dólar a R$ 3,50, valor que hoje caiu para a casa de R$ 3,10. É um prejuízo que acaba sendo arcado pelo exportador sob o risco de perda do negócio ou até mesmo do cliente”, explica o dirigente.
Destinos
Em julho, o principal destino do calçado brasileiro no exterior, os Estados Unidos, importaram 703 mil pares de calçados por US$ 18,5 milhões, quedas de 18% em volume e 1,6% em receita no comparativo com o mesmo mês do ano passado. Com isso, no acumulado dos sete meses, os norte-americanos somaram 7 milhões de pares comprados por US$ 121 milhões, números superiores tanto em pares (18,2%) quanto em valores (14%) na relação com igual ínterim de 2015.
Importando 1,1 milhão de pares de calçados pelos quais foram pagos US$ 9,87 milhões em julho (quedas de 40,4% e 5,8% no comparativo com julho de 2015, respectivamente), a Argentina acumulou a importação de 4,43 milhões de pares por US$ 51,3 milhões, números superiores tanto em volume (21,3%) quanto em valores (39%) na relação com os sete meses do ano passado.
A grande surpresa do mês de julho foi o Chile, que ultrapassou França, Bolívia, Paraguai e Colômbia, e assumiu o terceiro posto entre os destinos do calçado verde-amarelo. No mês passado, os chilenos importaram 535,54 mil pares pelos quais pagaram US$ 5,84 milhões, 223,7% mais em volume e 78,8% mais em receita no comparativo com igual mês do ano passado. Já no acumulado, os chilenos seguem no sétimo posto entre os destinos, com 941 mil pares importados por US$ 18,47 milhões, 11% mais em volume e 2,6% menos em receita no comparativo com os sete meses de 2015.
Estados
Nos sete primeiros meses de 2016, a principal origem do produto exportado seguiu sendo o Rio Grande do Sul. No período, os gaúchos exportaram 15,35 milhões de pares por US$ 236 milhões, números que representam altas de 41% em volume e 11% em receita na relação com 2015. Atualmente quase 40% do total gerado com os embarques de calçados são provenientes das negociações do Estado.
O segundo exportador do período foi o Ceará, com 25 milhões de pares embarcados por US$ 136 milhões, números 4,7% inferiores em volume e 2,1% inferiores em receita no comparativo com igual período do ano passado.
Com incremento de 3% em número de pares embarcados e queda de 17,4% na receita gerada durante os sete meses, São Paulo aparece no terceiro posto entre as origens do produto exportado. No período, os paulistas embarcaram 5,7 milhões de pares que geraram US$ 62,66 milhões.
Importações seguem em queda
Mesmo com a valorização recente do real sobre o dólar, as importações seguiram em queda no mês de julho. No mês passado, entraram no Brasil 1,5 milhão de pares pelos quais foram pagos US$ 22,55 milhões. Os números são menores tanto em volume (-55,7%) quanto valores (-58,8%) no comparativo com igual mês do ano de 2015. Com isso, no acumulado dos sete meses do ano, entraram no Brasil 14 milhões de pares por US$ 197,26 milhões, números 38,2% menores em volume e 41,6% inferiores em valores na relação com igual ínterim do ano passado.
As origens das importações no período seguiram sendo os países asiáticos. Do Vietnã vieram 5,9 milhões de pares pelos quais foram pagos US$ 108 milhões, quedas de 40% tanto em volume quanto em valores na relação com os sete meses de 2015. A segunda origem foi a Indonésia, de onde o Brasil importou 2,27 milhões de pares por US$ 40,64 milhões, 51,4% menos em volume e 53% menos em valores no comparativo com 2015. A China seguiu no terceiro posto, com a exportação de 4,6 milhões de pares por US$ 23,36 milhões para o Brasil, números 7% inferiores em volume e 28% inferiores em receita na relação com o ano passado.
Em partes de calçados – cabedais, solas, saltos, palmilhas etc – as importações também registraram queda. Nos sete meses entraram no País o equivalente a US$ 27,5 milhões, 28% menos do que em 2015. As principais origens foram China, Vietnã e Paraguai.
Tendência
Para Klein, no entanto, a tendência é de que, com a valorização do real sobre o dólar, as importações cresçam nos próximos meses, prejudicando o resultado da balança comercial de calçados. “Para 2017, a tendência é de que o real valorize ainda mais sobre o dólar, o que deve prejudicar as exportações e, em caminho oposto, aumentar as importações de calçados”, prevê o executivo.