Se quisermos colocar uma ordem de prioridades, embora isto seja sempre um jogo arriscado porque elas andam todas interligadas, pode-se dizer que neste tempo estranho que vivemos a primeira prioridade é a saúde, e logo a seguir tem de vir a economia e a educação.
Milhares de pais, presos em casa com os seus filhos, já perceberam o complicado enredo que se transformou este ano letivo. As plataformas de ensino à distância, os métodos dos professores, as dificuldades próprias de tornar casas em sala de aula, são obstáculos recorrentes. Esta confusão não tira nem um ponto do esforço notável, ainda que pouco prestigiado, que os professores vêm fazendo nestas últimas semanas.
Passado o improviso que a crise obrigou, é preciso ponderar o que fazer diante de sinais que não são muito bons. O Governo do Estado anunciou na semana passada que as aulas nas redes Estadual, Municipal e Privada, não voltam antes de sete de setembro. Desde já, levando em conta a evolução da Covid-19, é muito pouco plausível acreditar que as escolas voltem a abrir. Sendo assim, é preciso perceber se temos as condições para prosseguir o ensino à distância.
Desde o início da pandemia os professores de São João Batista se revestiram com mouses, câmeras e telas; adaptaram conteúdo pedagógico e mesmo com pouco treinamento, mergulharam no mundo digital em tentativa de salvar a aprendizagem das crianças. Os mais de cinco mil alunos da rede municipal estão no mesmo barco, e é visível a preocupação dos profissionais da educação, com as perdas e ganhos que esse afastamento das salas podem provocar.
Há problemas de ordem social, que impactam diretamente na educação online. Em especial no que toca às crianças, é esperado dos pais uma maior atenção e acompanhamento das atividades. Estes podem esbarrar em limitações tecnológicas, ou mesmo de tempo. Pais que trabalham, que precisam se deslocar para seus locais de trabalho, e que por si só impede de acompanhar as aulas. O jeito é separar outra hora do dia, e perde-se o contato do professor.
Ainda assim, as escolas de São João Batista têm fornecido material imprenso, cobrado que os pais devolvam atividades para análise e correção dos professores, e oferecido inclusive, material didático exclusivo diante das dificuldades de alguns alunos.
Aulas presenciais são insubstituíveis, e as aulas online são uma forma de redução dos danos e continuidade do ano letivo. Os professores, guerreiros como sempre, bem como alunos e pais, tiveram que se reinventar. É cedo ainda para mensurar os reais efeitos dessas mudanças sobre o aprendizado dos milhares de alunos da rede, sobretudo porque o isolamento social permanece como expediente recomendado pelas autoridades sanitárias.
Mas é bem-vindo todo o esforço de atenuar perdas significativas na esfera escolar, reduzindo prejuízos e dotando as escolas e professores do instrumental necessário para se conectar com as famílias dos alunos. Quando a pandemia se for, que tenhamos um mundo diferente, em que valorizemos muito mais a educação, e nossos professores.