
A autópsia realizada no corpo de Juliana de Souza Pereira Marins, 26, revelou que ela não resistiu aos múltiplos traumas sofridos durante sua queda no interior do vulcão ativo Monte Rinjani, na Ilha de Lombok. Juliana caiu em 21 de junho, quando se afastou do grupo por fadiga e despencou cerca de 300 a 600 metros em um terreno íngreme e escorregadio .
O laudo aponta que Juliana sofreu fissuras ósseas graves, hemorragias internas — principalmente no tórax — e lesões cerebrais traumáticas incompatíveis com qualquer ação de resgate no período em que ficou isolada. Somado a isso, a jovem enfrentou frio intenso, desidratação e exposição prolongada, condições que aceleraram o desfecho trágico. Apesar dos esforços, ela faleceu ainda no local, antes mesmo da chegada da equipe de resgate .
A autópsia veio após a remoção do corpo em 25 de junho – operação realizada exclusivamente por terra, pois o mau tempo impediu o uso de helicóptero. A retirada durou cerca de cinco horas, em meio a neblina, terreno instável e clima adverso .
Juliana foi localizada no dia 24 por drone térmico, mas a longo do dia sua condição foi confirmada pelas equipes indonésias, juntamente com a presença de sua família no local .
A família acusa a equipe de resgate das autoridades indonésias de negligência, alegando que a demora — até sete horas para início real dos esforços — teria sido determinante para a sobrevivência de Juliana . Mesmo diante de sinais vitais detectados por drones, não houve deslocamento imediato, agravado por relatos de informações divergentes sobre fornecimento de água, comida ou abrigo .
O Ministério das Relações Exteriores do Brasil (Itamaraty) enviou dois funcionários a Jacarta para acompanhar o caso, prestar apoio à família e exigir clareza sobre a condução do resgate . O governo brasileiro também discutiu a revisão de decretos que limitam a cobertura oficial do traslado funerário internacional, com o presidente Lula sinalizando uma possível mudança para assegurar auxílio completo à família .
No Brasil, o caso teve grande repercussão: a hashtag #JustiçaPorJuliana ganhou força nas redes, e deputados federais apresentaram pedidos de investigação sobre o processo do Itamaraty e o protocolo diplomático e de resgate . O ex-jogador Alexandre Pato chegou a se oferecer para custear o translado do corpo .
Embora o laudo médico confirme que Juliana não resistiu aos ferimentos iniciais e ao prolongado sofrimento antes do resgate, permanecem dúvidas sobre a operacionalização e a transparência do socorro. A partir da autópsia, a família busca não apenas repatriar o corpo, mas também responsabilizar os responsáveis, no Brasil e na Indonésia, por possíveis falhas no protocolo de emergência.