De acordo com informações do Instituto Nacional de Câncer (Inca), o câncer de mama se destaca como a principal causa de óbitos entre as mulheres no Brasil. A letalidade desta doença está intimamente ligada a diagnósticos tardios, que comprometem a eficácia do tratamento e, por vezes, tornam a cura inatingível. Desde 2020, temos observado um aumento de 26% nos diagnósticos de câncer de mama em estágios avançados, conforme aponta um estudo realizado pela Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica (Ipec) a pedido da Pfizer, uma empresa farmacêutica. Este estudo também revelou uma notável falta de conhecimento em relação às principais medidas de prevenção.
Os resultados dessa pesquisa, que envolveu entrevistas com 14 mil mulheres, destacam que 60% delas acreditam que o autoexame é o principal método de diagnóstico. Embora o autoexame seja um passo importante, a detecção precoce, especialmente de tumores menores, é viabilizada por meio da mamografia. É importante lembrar que a mamografia deve ser realizada anualmente por mulheres entre 40 e 49 anos, porém, os dados indicam que somente metade das entrevistadas nessa faixa etária passou por uma mamografia nos últimos 18 meses.
As estimativas do Inca projetam que, entre 2023 e 2025, aproximadamente 74 mil novos casos de câncer de mama serão diagnosticados no Brasil, com a perspectiva de 18 mil mortes. É importante notar que a média de idade das mulheres diagnosticadas no Brasil é de 53 anos, o que representa uma média de dez anos mais jovem em comparação aos Estados Unidos.
A falta de acesso a mamografias é um desafio crítico. Conforme dados do Painel Abramed, apenas um em cada cinco municípios brasileiros possui equipamentos de mamografia, o que contribui para diagnósticos tardios. O levantamento da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) também aponta uma concentração desses equipamentos na região Sudeste (47,44%), seguida pelo Nordeste (22,2%), Sul (15,7%), Centro-Oeste (8,5%) e Norte (6%). Além disso, a maioria dos mamógrafos está na rede privada de saúde.
É fundamental enfatizar que quanto mais cedo o tumor for identificado, maiores são as chances de cura. Para obter resultados mais eficazes no tratamento, é essencial que as mulheres realizem a mamografia, pois esse exame permite detectar tumores antes que se tornem palpáveis ou visíveis no autoexame.
Além disso, diversos fatores de risco, como envelhecimento, histórico familiar, genética, menopausa tardia, gravidez após os 35 anos, reposição hormonal, uso de anticoncepcionais orais, obesidade, sedentarismo e consumo excessivo de álcool, podem contribuir para o desenvolvimento do câncer de mama.
O autoexame, embora importante, não deve se limitar ao toque, pois os nódulos mamários são um sintoma comum da doença, podendo ou não causar dor. No entanto, é crucial que qualquer nódulo encontrado no autoexame seja avaliado por um profissional de saúde, que poderá conduzir os exames clínicos necessários. Também são considerados sinais suspeitos de câncer de mama diversos outros sintomas, como retração na pele da mama, mudança no formato do mamilo, aumento progressivo do tamanho da mama com sinais de edema e outros indicativos.
A prevenção do câncer de mama envolve a adoção de um estilo de vida saudável, incluindo alimentação balanceada e exercícios regulares, além de evitar o tabagismo e o consumo excessivo de álcool. Dadas as várias variáveis de risco, o acompanhamento médico regular e a realização de exames de rotina são vitais para a detecção precoce do câncer, aumentando significativamente as chances de cura.