Um estudo inovador, liderado por pesquisadores da Unochapecó em colaboração com o governo estadual, está investigando o uso de óleos essenciais para combater o mosquito da dengue em Santa Catarina. Esta pesquisa, pioneira no Brasil, indica que os extratos naturais de plantas têm a capacidade não apenas de repelir o Aedes aegypti, mas também de eliminar suas larvas. Professores e estudantes dos programas de pós-graduação em Ciências da Saúde e Ciências Ambientais da Universidade Comunitária de Chapecó (Unochapecó) estão à frente desse estudo.
De acordo com os resultados, pelo menos três espécies de plantas demonstraram propriedades larvicidas e repelentes contra o mosquito Aedes aegypti. Os óleos essenciais extraídos da unha-de-gato (Uncaria tomentosa) e da casca d’anta (Drimys brasiliensis) revelaram-se eficazes como larvicidas, enquanto o óleo do crisântemo (Dendranthema grandiflorum) mostrou-se especialmente eficaz como repelente. As larvas utilizadas na pesquisa foram criadas em laboratório.
O estudo, inicialmente centrado em Santa Catarina, expandiu-se para mais de 1.500 municípios ao longo da fronteira brasileira, em colaboração com a Universidade Nacional de Misiones, na Argentina. Segundo a professora Maria Assunta Busato, líder do projeto, a dengue é um problema que transcende fronteiras, e a pesquisa reflete essa realidade.
Além de investigar o impacto dos óleos no combate ao mosquito, a pesquisa também analisou o panorama da doença em Santa Catarina. Os resultados preliminares indicam um aumento significativo no número de casos e mortes por dengue no estado, com variações entre os municípios. Cidades com melhores índices de saneamento básico e desenvolvimento humano tendem a ser menos afetadas pela doença.
Em Araquari, foi declarada epidemia de dengue após um aumento de 5.000% nos casos da doença. O primeiro caso de dengue em Santa Catarina foi registrado em 2011, e em 2024, há mais de quatro mil casos prováveis, representando um aumento de 900% em relação ao mesmo período do ano anterior. Uma morte pela doença já foi confirmada, e mais de cinco mil focos do mosquito Aedes aegypti foram identificados em 186 municípios. O governo estadual anunciou novas medidas para combater a doença.