O ex-prefeito de Tijucas Rubens Barreto, popular Binho, faleceu neste domingo (02), aos 68 anos, na capital do Estado. Binho administrou o município de 1989 a 1992, ele foi um dos fundadores do extinto MDB na capital do Vale.
Rubens Barreto era odontólogo de profissão. Tendo como pais Irene Peiter Barreto e Orlando Barreto. Foi casado com a educadora Neuza Barreto, com quem teve dois filhos, o casal ainda realizou adoção de mais uma criança.
A Prefeitura Municipal de Tijucas, realizou através do Decreto Nº 1176/2016, luto oficial de três dias.
Sobre Doutor Rubens Barreto:
Rubens Barreto, o Binho, filho de Irene Peiter Barreto e Orlando Barreto, nasceu em Tijucas e ingressou muito jovem na política. Foi um dos fundadores do MDB, ao lado de Lauro Vieira de Brito, Joaquim Santana, Alexandre Toca Ternes, Narbal Andriani e Nilton Fagundes. O Dr. Lauro Vieira de Brito foi o grande mentor. Em 19…. foi candidato a deputado estadual, concorrendo diretamente com um candidato indicado pela Arena de Canelinha, o empresário Arthur Jackowisks, o popular Polaco. Binho teve uma votação expressiva em Tijucas, porém não foi o suficiente para conquistar uma cadeira no Poder Legislativo Catarinense. Nem ele, nem Arthur Polaco.
Neto e filho de farmacêuticos, que na verdade eram mais que médicos para a população carente, Binho Barreto se tornou cirurgião dentista. Seu consultório funcionava na mesma casa em que Binho Barreto reside até hoje, onde clientes se amontoavam na sala de espera, na escadaria ou mesmo no lado de fora.
Com ou sem horário marcado, tendo dinheiro ou não, todo mundo era bem atendido. Quando doía um dente o primeiro remédio que vinha a mente era Binho Barreto. Binho tinha outras duas paixões: os pássaros e o Avaí. Não davam lucro, apenas alegrias e muitos amigos.
Militante ativo do MDB em todos os momentos, Binho Barreto era a bola da vez. Foi candidato a prefeito sem jamais ter exercido qualquer cargo público. Seu candidato a vice, Antídio Pedro Reis, o popular Dinho do Posto, também era uma figura folclórica da vida social tijuquense. A cidade ainda vivia a época de ouro das cerâmicas, a grande maioria dos empresários do setor e os transportadores frequentavam o posto diariamente e a dupla Binho e Dinho formalizou uma candidatura leve, fácil de se carregar.
As eleições de 1988 foram disputadas seguindo-se as novas determinações legais impostas pela nova constituição, que permitiu a pluripartidariedade. Em Tijucas havia quatro candidaturas: Binho e Dinho pelo PMDB, Brito e Vailati pelo PDS/PFL, Marco Oliveira e Dr. Rubens representando o PDT e José de Souza e Silva, o homem da bicicleta, com Adalto Gomes de candidato a vice, ambos do PT. Foi uma disputa acirrada nas primeiras semanas de campanha, no entanto Binho e Brito acabaram polarizando as atenções. Marco Oliveira teve uma votação inexpressiva e o Homem da Bicicleta alcançou o número de votos que desde então o PT vem registrando nas urnas em todas as eleições tijuquenses: pouco mais de 1.500 votos.
A vitória de Binho Barreto e Dinho Reis era tida como algo impensável, pois havia três candidaturas oposicionistas criticando a gestão do seu antecessor. Os ataques não balançaram as estruturas do MDB e do agora PMDB. Binho, Dinho, Gordo e a militância visitaram todas as casas do centro e do interior e ao final o eleitor optou pela continuidade. O MDB permaneceu no governo com Binho e Dinho, que enfrentaram uma nova realidade administrativa, em decorrência das mudanças impostas pela Constituição de 1988. Quem vivenciou o período da gestão Binho e Dinho garante que as comunidade do interior foram muito lembradas durante aquele governo. Binho priorizou a educação, a saúde, a assistência social, infra-estrutura e o homem do campo. Ampliou escolas, melhorou os postos de saúde, renovou a patrulha mecanizada para dar boa manutenção às estradas interioranas, pavimentou inúmeras ruas e conseguiu atender uma antiga reivindicação de toda a comunidade: tirar o lixão da praia de Tijucas. Durante décadas a região do Pontal Norte foi olhada pelos administradores públicos como um problema para a cidade. Quase todos ignoraram a beleza da baía de Tijucas e o potencial que o lugar oferecia. A restinga foi eliminada, as dunas transformadas em aterro para toda a cidade e nas proximidades da Ilha dos Gallotti foi implantado um depósito de lixo urbano. Uma verdadeira catástrofe ecológica. Binho não apenas passou a levar o lixo para o aterro sanitário de Biguaçu, como também removeu o lixo que estava na superfície e cavou grandes valas para sepultar os resíduos que já estavam depositados naquela região há décadas.
Embora tenha sido um bom administrador, deixando dinheiro em caixa para o seu sucessor pagar o salários dos funcionários no início de janeiro de 1993, Binho Barreto não conseguiu eleger o candidato do seu partido. O escolhido foi Carlos Humberto Ternes, o Bebeto, tendo como vice o Dr. Lauro Vieira de Brito. Bebeto teria que esperar mais quatro anos para ser prefeito.
***Sobre a vida de Rubens Barreto informações caderno especial do Jornal Razão de junho de 2011, no aniversário de 151 anos do município de Tijucas. Foto: Arquivo / Jornal Razão