
O governo de Santa Catarina apresentou hoje, em coletiva na FIESC, um pacote de medidas emergenciais com investimentos de R$ 435 milhões, destinado a apoiar empresas do estado impactadas pela nova tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros.
Segundo dados da Secretaria da Fazenda, o estado exportou R$ 9,9 bilhões para os EUA em 2024, dos quais cerca de R$ 9,4 bilhões (95%) estão diretamente expostos à nova tarifa. Os setores mais atingidos incluem madeira e derivados — com móveis representando 48,5% das exportações catarinenses ao mercado americano —, além de blocos de motor e compressores (17%), e motores elétricos e transformadores (14,5%). As regiões mais impactadas são o Norte do estado (44% das exportações para os EUA) e o Vale do Itajaí (22%).
As medidas beneficiam empresas classificadas nos níveis de risco “gerenciável”, “relevante”, “alto” e “crítico”, responsáveis por cerca de R$ 8,5 bilhões em exportações e que garantem mais de 73 mil empregos diretos.
O pacote anunciado contempla a liberação do crédito acumulado de ICMS para exportação, a ser liberado em três parcelas. A ação atenderá 295 empresas com impacto superior a 5%, beneficiando os 73 mil empregos e representando aproximadamente R$ 62 milhões. Também haverá a prorrogação do pagamento do ICMS por 60 dias durante três meses, alcançando as mesmas 295 empresas e empregos, com impacto estimado em R$ 36 milhões por mês.
Outra medida é a cobertura de custos fixos proporcionais às exportações aos EUA, válida por quatro meses para empresas com faturamento anual de até R$ 300 milhões — incluindo aquelas de até R$ 100 milhões — classificadas como de exposição “crítica”, “alta” ou “relevante”.
O pacote prevê ainda linhas de financiamento. A primeira, em dólar, terá valor total de R$ 165 milhões, com taxa de juros de 3% ao ano mais variação cambial, e R$ 18,3 milhões de juros subsidiados pelo Estado. A segunda, em reais, será de R$ 100 milhões, com juros de 9% ao ano e subsídio estatal de R$ 17,6 milhões, totalizando R$ 36 milhões em apoio financeiro.
O governador Jorginho Mello informou que as medidas terão validade inicial de quatro meses e serão acompanhadas de perto para avaliar possíveis prorrogações. Ele afirmou ainda que não prevê demissões, atribuindo essa confiança à postura responsável dos empresários catarinenses.