
O Centro de Pesquisas Oncológicas (CEPON), em Florianópolis, passou a oferecer um tratamento inovador para o alívio da dor em pacientes com câncer. A técnica, chamada de alcoolização de plexo ou neurólise do plexo celíaco, é realizada gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e representa um avanço importante no cuidado paliativo oncológico no estado.
O procedimento consiste na aplicação, com auxílio de tomografia computadorizada, de uma substância alcoólica sobre o nervo responsável pela transmissão da dor — o plexo celíaco. Essa aplicação é feita com agulhas finas e guiada por imagem, o que garante alta precisão. O tratamento é indicado principalmente para pacientes com tumores avançados, como o câncer de pâncreas, que sofrem com dores intensas e não respondem mais aos analgésicos convencionais.
Segundo os médicos do CEPON, em muitos casos uma única aplicação já é capaz de eliminar completamente a dor, proporcionando melhora significativa na qualidade de vida dos pacientes. A técnica, embora já utilizada em alguns centros privados e hospitais de referência no Brasil, é inédita na rede pública de Santa Catarina.
O diretor-geral do CEPON, Marcelo Zanchet, destacou que o novo serviço reforça o compromisso do hospital em oferecer o que há de mais moderno e humanizado no tratamento oncológico. Ele ressaltou que o acesso gratuito a esse tipo de procedimento é um avanço importante para os pacientes do SUS.
A dor é uma das principais causas de sofrimento entre pessoas com câncer em estágio avançado. O novo tratamento atua diretamente na origem do problema, bloqueando os sinais nervosos responsáveis pela sensação dolorosa. O oncologista Lucas Espíndola explica que, em certos tipos de câncer, a dor pode ser tão intensa que compromete o dia a dia do paciente, e que o bloqueio nervoso é uma das formas mais eficazes de devolver conforto e dignidade.
O radiologista intervencionista Lucas Pazinato, responsável pela execução do procedimento, ressalta que o objetivo é preservar o bem-estar e a dignidade de quem enfrenta o câncer. Para ele, tratar a dor de forma assertiva é fundamental para garantir qualidade de vida, mesmo nos casos em que a doença já não tem cura.
Apesar dos resultados promissores, a técnica ainda não é rotina em todos os serviços públicos de saúde, o que reforça o caráter pioneiro da iniciativa em Santa Catarina. A ampliação do tratamento exigirá capacitação de profissionais e investimento em infraestrutura, já que o procedimento depende de equipamentos de tomografia e de equipes especializadas em radiologia intervencionista.
A introdução da alcoolização de plexo celíaco pelo SUS no CEPON representa um avanço importante na atenção oncológica do estado. Além de aliviar o sofrimento, o novo tratamento reafirma o compromisso da rede pública catarinense com a humanização e a qualidade do cuidado prestado aos pacientes com câncer.