Uma combinação de fatores coloca Santa Catarina em vantagem em relação aos outros Estados para escapar da crise: com a menor taxa de desemprego do país (3,9%), economia diversificada e nível de renda relativamente estável, o acesso ao crédito passa a ser determinante no consumo dos catarinenses. É o que sinaliza a pesquisa da Fecomércio SC sobre o consumo atual no Estado, que avaliou o desempenho de nove segmentos do varejo medindo o comportamento até agosto deste ano.
Mesmo com a queda em cinco setores na comparação com o ano passado e crescimento em quatro, a desaceleração nas vendas em SC foi menor do que a média nacional, revertendo uma tendência negativa nos volumes de vendas desde 2014. O comércio varejista catarinense cresceu 0,1%, enquanto o país registrou queda de 3% no acumulado de 2015 até agosto, conforme a pesquisa, que leva em conta dados secundários do IBGE e faz uma análise mais detalhada do ICF (intenção de consumo das famílias).
“Santa Catarina tem plenas condições de retomar o caminho do crescimento, do consumo e do investimento antes do resto do país, tão logo as taxa de juros voltem a cair e as incertezas se dissipem”, pontua o presidente da Fecomércio SC, Bruno Breithaupt. O varejo catarinense aparece atrás de Roraima, Sergipe, Acre e Mato Grosso do Sul, estados que não têm mercados consolidados como SC, mas à frente de economias mais desenvolvidas, como Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo, Rio Grande do Sul e Distrito Federal.
Conforme o economista da Fecomércio SC, Luciano Córdova, os resultados mostraram um crescimento tímido, mas positivo, apontando para uma perspectiva de recuperação mais cedo do que o resto do país. “O crédito é o motor fundamental do consumo. Aliado às incertezas quantos aos rumos da economia brasileira, a restrição ao crédito, fruto da elevação das taxas de juro, reprime as expectativas e o consumo. Mas, a situação de SC se distingue do resto do país, visto que os outros estados viram uma maior retração real da renda e uma grande deterioração do emprego. Enquanto no país a retomada do consumo está prevista para o segundo semestre de 2016, por aqui deve acontecer até a metade do segundo trimestre,” avalia Córdova.
Altos e baixos em SC
Entre os resultados positivos ou estáveis, as vendas de “combustíveis e lubrificantes” (postos de gasolina) tiveram alta de 3,4%, contra a redução de 3,9%. Os “artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos” registram 5,6%, frente os 4,2%. Os setores de “livros, jornais, revistas e papelaria” se mantiveram na casa dos 0,6 %, diante de uma queda de quase 10% nas vendas no Brasil.
Puxados pela restrição ao crédito, alguns setores sentiram mais a queda nas vendas. Os “móveis” com retração de 13,9%, acompanhando a tendência nacional, seguido por “equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação”, como notebooks e smartphone, com queda de 6,6.