Instituída por meio do Decreto 1.661, de 24 de setembro de 2013, a Delegacia de Polícia de Pessoas Desaparecidas (DPPD) chega aos 5 anos de atividades com bons resultados a apresentar. Dos cerca de 28.500 casos que já passaram pelo órgão, a grande maioria foi elucidada, restando atualmente 1.447 em investigação.
De acordo com o delegado Wanderlei Redondo, que comanda os trabalhos na DPPD desde a sua criação, antes de 2013 não havia uma delegacia que cuidasse especificamente deste tipo de ocorrência e os casos eram investigados sem uma unidade que centralizasse as informações levantadas. A iniciativa, juntamente com a entrada em funcionamento do Sistema Integrado de Segurança Pública de SC, disse, permitiu a confirmação de todos os casos de desaparecidos desde o ano de 2002.
Atualmente, Santa Catarina também é o único estado com 100% dos casos de desaparecimentos cadastrados no Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública (Infoseg), um banco de dados da Secretaria Nacional de Segurança Pública que reúne registros de órgãos públicos como Receita Federal, Ministério do Trabalho, Polícia Federal, Denatran, Conselho Nacional de Justiça, entre outros.
O cruzamento dos dados recebidos das instituições, disse o delegado, vem tornando possível a resolução da grande maioria dos reclames por pessoas cujo paradeiro é desconhecido. Além disso, o sistema também permite agilizar a localização de pessoas fora do estado. “Para nós esse sistema é de suma importância porque todos os estados da Federação podem ter acesso aos dados sobre desaparecimentos em Santa Catarina. E isso facilita muito, pois se uma pessoa tida como desaparecida for abordada em outro estado, as autoridades de lá poderão verificar no sistema e nos comunicar a identificação.”
A cada dia, as delegacias catarinenses registram em média sete boletins de ocorrência (BOs) de desaparecimentos, cuja prioridade de investigação é para crianças, idosos e portadores de necessidades especiais.
Do total de 1.447 casos atualmente investigados pela DPPD, a grande maioria refere-se a pessoas adultas (1.173), cabendo o restante a adolescentes (261) e crianças (13). “Hoje quase a totalidade desses registros está ligada à falta de comunicação. Por exemplo, se uma pessoa está acostumada a retornar para casa às 18 horas, mas num determinado dia encontrou amigos e saiu com eles, ou se por um azar acabou a bateria do seu celular e ela acaba não comunicando o atraso, a sua família vai e registra uma ocorrência de desaparecimento”, afirma o delegado. Em seguida, disse, seguem os casos originados de situações de conflitos familiares e de dependência química.
Para Redondo, os resultados apresentados pela DPPD só não são melhores porque geralmente os familiares de pessoas procuradas se esquecem de avisar as autoridades policiais quando a mesma é localizada. “Desde que a delegacia foi criada, cerca de 95% dos desaparecidos já retornaram aos seus lares, só que os seus familiares não voltaram à delegacia para dar baixa, algo que nos ajudaria muito.”
Banco de DNA
Também fundamental para resolução dos casos de desaparecimento, informa Redondo, tem sido o banco de amostras de DNA de familiares de pessoas desaparecidas. Atualmente Santa Catarina é o 4º estado do país em volume de amostras, o 1º se for considerado em proporção à população.
As amostras, disse, têm se mostrado particularmente importantes no trabalho de identificação de cadáveres, realizado em parceria com o Instituto Médico Legal (IML), delegacia de homicídio e o grupo de análises laboratoriais do Instituto Geral de Perícias (IGP). “Antes sempre que chegava um corpo sem identificação ao IML, ele acabava enterrado como indigente e hoje nos trazem para que possamos buscar essas informações.”
Já como um serviço preventivo, a delegacia realiza, também em parceria com outros órgãos públicos, a abordagem e identificação de pessoas em situação de rua, cujas informações são inseridas no sistema de dados.
A DPPD mantém um site (http://desaparecidos.pc.sc.gov.br/desaparecidosSite/) com a relação completa dos casos registrados em Santa Catarina. Mais informações podem também ser obtidas pelo telefone 181.
Informações e Foto: Agência AL