
A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) deu um passo importante na ciência e na tecnologia espacial brasileira ao anunciar o desenvolvimento de um satélite totalmente nacional, com lançamento previsto a partir do território brasileiro. A missão tem como objetivo monitorar o clima e detectar eventos ambientais como queimadas, mudanças de temperatura e outras anomalias meteorológicas.
O projeto é conduzido pelo Laboratório de Pesquisa em Sistemas Espaciais (SpaceLab) da UFSC e reúne dezenas de pesquisadores, além de alunos de graduação e pós-graduação. O satélite é de pequeno porte, com dimensões aproximadas de 20 centímetros por 10 centímetros e peso em torno de 3 quilos. Um dos grandes marcos será o fato de poder se tornar o primeiro satélite brasileiro lançado inteiramente do Brasil, a partir do Centro de Lançamento de Alcântara, no Maranhão.
A missão tem como foco gerar dados ambientais voltados ao monitoramento de queimadas, eventos climáticos extremos e aplicações no agronegócio, na defesa civil e em políticas públicas. O projeto teve início em 2019 e vem sendo desenvolvido em várias fases de teste, integração e validação.
O desenvolvimento do satélite representa um avanço significativo na capacitação tecnológica nacional. Ao utilizar apenas tecnologia brasileira, o país reduz sua dependência de componentes e serviços estrangeiros, fortalece sua cadeia de inovação e forma profissionais especializados em engenharia espacial. Além disso, o uso de satélites menores e de baixo custo amplia a cobertura e a frequência do monitoramento ambiental, algo essencial em um país de dimensões continentais e com grande diversidade climática como o Brasil.
Com dados mais atualizados, será possível aprimorar a prevenção de desastres e oferecer suporte mais eficiente ao agronegócio. Órgãos como a Defesa Civil e brigadas de incêndio poderão agir com maior rapidez diante de informações sobre aumento de fumaça, elevação de temperatura e outros sinais de risco.
Outro marco relevante será o lançamento em território nacional, que representa um passo importante rumo à soberania espacial do país, reduz custos operacionais e impulsiona o setor nacional de lançamentos.
Apesar dos avanços, o projeto ainda enfrenta desafios. Operar um satélite, mesmo de pequeno porte, requer rigor técnico, testes de durabilidade em órbita, comunicação eficiente com as estações terrestres e gerenciamento de dados. Para garantir cobertura frequente de todo o território, a equipe da UFSC pretende futuramente desenvolver mais unidades, formando uma constelação de satélites.
O lançamento está previsto para março de 2025. Até lá, a equipe seguirá realizando testes finais, integrando o satélite ao veículo de lançamento e preparando a infraestrutura de operação em solo. Após o lançamento, os dados coletados serão disponibilizados ao público por meio de uma plataforma digital.
O projeto da UFSC une inovação, pesquisa e compromisso social. Além de impulsionar a ciência espacial brasileira, a iniciativa tem impacto direto na compreensão e preservação ambiental, oferecendo ferramentas essenciais para o enfrentamento das mudanças climáticas e para a criação de políticas públicas mais eficazes.








