
Um levantamento inédito divulgado neste mês revelou que Santa Catarina concentra 19 das 20 cidades brasileiras com maior consumo de alimentos ultraprocessados. A pesquisa, conduzida pelo Núcleo de Estudos em Alimentação e Saúde da População Brasileira, em parceria com instituições federais, acendeu um alerta sobre os hábitos alimentares no estado e suas possíveis consequências para a saúde pública.
O que o estudo aponta
O estudo analisou dados de mais de 5 mil municípios brasileiros, com base em entrevistas domiciliares, hábitos de compra e informações do Vigitel (sistema de vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas do Ministério da Saúde). Entre os ultraprocessados mais consumidos estão refrigerantes, biscoitos recheados, salgadinhos de pacote, embutidos e refeições prontas congeladas.
As cidades catarinenses que lideram o ranking são, em sua maioria, de médio porte, com destaque para regiões do Vale do Itajaí e do Norte do estado. Apenas uma cidade fora de Santa Catarina — localizada no Paraná — aparece entre as 20 primeiras posições.
Veja as 10 primeiras colocadas do ranking:
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Blumenau (SC)
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Jaraguá do Sul (SC)
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Brusque (SC)
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Itajaí (SC)
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Joinville (SC)
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Balneário Camboriú (SC)
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Gaspar (SC)
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Indaial (SC)
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São Bento do Sul (SC)
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Pomerode (SC)
Pesquisadores indicam que o padrão de vida, o ritmo acelerado do trabalho e o alto poder aquisitivo em algumas regiões de Santa Catarina contribuem para o aumento do consumo de produtos ultraprocessados, muitas vezes associados à praticidade.
Além disso, o estado apresenta forte presença de supermercados e redes de fast food, e uma cultura alimentar cada vez mais distante das preparações caseiras. Especialistas alertam que esse padrão pode ter consequências a médio e longo prazo.
O consumo excessivo de ultraprocessados está associado a doenças como diabetes tipo 2, obesidade, hipertensão e alguns tipos de câncer. A Organização Mundial da Saúde já classificou os alimentos ultraprocessados como um dos principais vetores do aumento das doenças crônicas não transmissíveis no mundo.
“É fundamental reforçar a educação alimentar e nutricional nas escolas e nas comunidades. O poder público precisa agir com campanhas e políticas de incentivo à alimentação natural e regional”, destacou a nutricionista Ana Lúcia Hoffmann, uma das responsáveis pelo estudo.
O Ministério da Saúde já se manifestou e informou que irá intensificar, em parceria com os municípios, as ações do Guia Alimentar para a População Brasileira, com foco em reduzir o consumo de produtos ultraprocessados e promover escolhas mais saudáveis.
Santa Catarina, por sua vez, tem o desafio de enfrentar um paradoxo: um estado conhecido por sua qualidade de vida, mas que agora precisa lidar com um grave alerta alimentar.