Quando na idade de criança para adolescência, ao caminhar para o ponto de ônibus, no meio do caminho avistei que o coletivo passou e eu perdi o embarque. Voltei para casa e relatei o fato a meu saudoso avô (pai de criação) que, com apenas um ditado, me deu um conselho, daqueles que se carrega para o resto da vida. “Rapaz, a missa a gente espera na igreja”.
No alto dos seus 70 e poucos anos, meu vô materno fez eu reconhecer meu próprio erro, e me ensinou que atraso é atraso. Não se ganha, pelo contrário, se perde. E que, daquela época para frente, teria eu que aprender com aquele erro que foi meu, não do ônibus.
Desde aquele dia, tenho ‘pavor’ de me atrasar e brigo com minha sã consciência, para que eu possa usufruir da famosa ‘pontualidade britânica`. Mas estamos no Brasil, e como tal, o famoso ‘jeitinho’de certa forma nos deixa irritados quando chegamos ao destino dentro do horário e que os outros chegam atrasados. Fica aquela sensação de que estamos cumprindo com o acordado, mas os outros não.
Na tarde deste sábado, 05, no jogo da volta pelas Semifinais da Liga Desportiva da Região do Rio Tijucas, entre Renascença e Juventude, lembrei-me do meu velho avô Germano. Ao perceber que o time de São João Batista chegou atrasado (sete minutos, segundo a Liga) para o compromisso fora de casa, distante aproximadamente 30 quilômetros de sua sede, passou em minha mente aquele ensinamento: a missa se espera na igreja.
Que o Juventude teve problemas para juntar os atletas e ir até Tijucas, isso é fato. Que seria difícil reverter o placar diante do Renascença, após perder a primeira em casa por 3 a 1, também é verdade. No entanto, nada justifica o atraso. O time alvirrubro deve ter lá suas explicações e razões. Mas não tem razão de reclamar do rigor da regra. Afinal, regra existe para ser cumprida, e não para ser exceção. Pois se houve atraso nas assinaturas em algum outro jogo, é erro do outro jogo, se não foi cumprido, e não do jogo deste sábado, 05.
Todos nós erramos. Erro todos os dias, assim como acerto todos os dias. Mas, a humildade de reconhecer os erros é uma grandeza para aprendermos com nossas fraquezas. Culpar os outros por aquilo que você não cumpriu, que você errou, é um erro para cima de outro erro. Afinal, o direito de um vai até onde começa o direito do outro. E todos os clubes assinaram o regulamento da competição e têm ciência das regras estabelecidas.
E se ficarmos somente nesta questão de atraso, esqueceremos que o Juventude perdeu duas vezes para o Renascença nesta competição, não porque o juiz errou, mas porque o time de Tijucas foi melhor, tecnicamente, taticamente e fisicamente.
Futebol é assim mesmo. Um dia se ganha, outro se perde. Então, é preciso saber vencer, mas, principalmente, saber perder. Sendo assim, estaremos cumprindo com o que realmente vale no esporte, o famoso espírito esportivo.