Foco em Rúbia mostra mais da mesma política

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Rousseau​ dizia que os indivíduos têm suas vontades particulares, mas também existe a vontade geral. Cada homem é legislador e sujeito, obedecendo a leis que lhe são favoráveis. Na prática, a vontade geral é sempre certa, mas o julgamento que a orienta nem sempre é esclarecido. Essa é uma verdade líquida. Para que se preserve a maioria, por vezes é necessário se contrapor, tomar um caminho e defende-lo.

Projeto que retira o segundo professor das creches segue a lógica do impopular. E mesmo com 11 vereadores está ficando notório o bullyng político sofrido pela vereadora Rúbia Tamanini, pelo simples fato de ser professora. Ao individualizar o coletivo, perdemos a chance de uma discussão mais ampla e de apontar caminhos. Relativiza-se o debate para apontar culpado, ou um mártir. Ainda não evoluímos. E parece que vai demorar.

Foco na presidente do Legislativo tira da linha do tiro o Executivo, que é o responsável pela elaboração do projeto. Sem julgar mérito do tema, se é o bom ou ruim ou mesmo o que foi prometido durante o período eleitoral. A sinuca em que estão os novos vereadores, da situação, principalmente, é a mesma pela qual passaram os parlamentares da legislatura anterior, quando votaram contra o projeto do Plantão Médico. Agora essa lei será cortada e o valor pago aos médicos reduzido pela metade.

A principal lição é: independente do tema, é necessário tomar posição e assumir as consequências. La atrás foram pro outdoor. Nenhum vereador deve se sujeitar a ser lobista de categoria. Deve sim legislar pelo bem comum, ou seja, analisando o impacto que vai produzir na cidade e não em um grupo. Claro que vai dar ruído. Natural que nem sempre medidas ou decisões são compreendidas de imediato.

Essa é a política nua e crua.

Foco da pressão em Rúbia, passa a sensação que a Câmara tem apenas um vereador e sozinho carrega o peso de uma decisão que deve ser de maioria. Talvez seja uma falha estratégica. Quando se trata desse tipo de cobrança é necessário focar no grupo de legisladores e no executivo, se quiser obter algum resultado. Todo voto importa, e só se revertem decisões assim.

Lei foi criada pela Prefeitura. Cabe ao legislativo analisar, debater, propor mudanças e votar. Nem todo tema debatido na Câmara será digerido pela opinião pública. Nem sempre a foto será bonita, e aí a consciência é quem vai falar mais alto. No caso de reformas estruturantes, a situação fica difícil para os políticos. É atender categorias ou defender a sustentabilidade da máquina pública a longo prazo.

E se a vereadora Rúbia votar favorável? É porque analisou que a regra era importante, ao ponto de confrontar parte do seu capital político. E se votar contra? Não será por estar na oposição, mas por compreender a situação diferente da Administração Municipal. Simplificação não cabe aqui.

E se compreender que isso não causa prejuízos à educação? E se decidir que não causa problemas às finanças? Das questões que colocam qualquer um entre a cruz e a espada, mas que deverá ser ponderada. Não só por Rúbia. Todos os vereadores. No caso de Rúbia ela pode sim fazer uma análise fria, imparcial e votar como achar adequado. Tem o convívio das salas de aula. Mesmo que pague o preço politico. Mas, que seja o voto pela cidade. Mesmo que amargue como remédio.

Foco em Rúbia é exagerado e não contribui para discussão da situação do município. Essa polêmica vai passar, e pelos indicativos vamos seguir observando a individualização do coletivo em detrimento de um debate que nos leve a algum lugar. Sejam nas acusações dirigidas aos opositores, sejam nos votos dos situacionistas, ainda estamos longe da maturidade política.

É importante que todos se manifestem e construam posições favoráveis e contrárias. O que vemos agora, é resultado da escola dos últimos quatro anos em que se procurou um bode expiatório pra tudo. Que sirva de lição, já que o mudo gira. Rúbia deverá se posicionar e que seja pelo bem comum e consciência. Ferramentas para isso ela e os vereadores possuem. Mesmo que ajam pressões.

Otto Bismarck já dizia que se a razão da maioria tem limites e conduz, muitas vezes, a aporias, seus múltiplos corações não compõem um verdadeiro coração. Levar em consideração a voz do povo significa, metaforicamente, prestar atenção aos sinais de fumaça representados pelas manifestações coletivas. Não se pode ignorá-los, por arrogância ou leniência, mas não nos é permitido, nunca, abdicar do exame de consciência e do juízo fundado na integridade pessoal.

Se um livro ou um filme são lidos ou vistos por milhões de pessoas, isso não constitui atestado de qualidade, nem pode fundar um juízo de valor. A fumaça deve ser interpretada. Mas, “às vezes um charuto é apenas um charuto”, como lembrou Freud, um dia. E, rigorosamente, tudo o que se pode concluir da visão da fumaça é que “onde há fumaça, há fumaça”. Que seja tudo pela consciência. Sempre ela.

EM TEMPO:

Reformas estruturantes são urgentes no município, sob pena de não conseguir tocar os serviços básicos em pouco tempo. Promessa de Daniel Cândido (PSD) é que projeto da Reforma Administrativa seja encaminhado para Câmara de Vereadores no mês de março.

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