Como se ninguém soubesse ou ouvisse. Como se não houvesse uma investigação do Departamento de Investigações Criminais (Deic), e como se três vereadores não tivessem sido presos recentemente. Assim foi a primeira sessão da Câmara de Vereadores de Tijucas na noite desta segunda-feira (01). Silêncio. A única a falar foi Lialda Lemos (PSDB), e confessou participação no crime.
Na investigação do Departamento de Investigações Criminais (DEIC), os três vereadores foram indiciados. Se fizeram de mudos. A denúncia de gastos irregulares somam R$ 550 mil de prejuízos aos cofres públicos. Como qualificado pela investigação, agiram como quadrilha, até no silêncio. Os vereadores teriam gasto o valor em diárias e pagamentos e cursos que não existem. O DEIC aponta que foram cometidos crimes de falsidade ideológica, concussão, peculato e fraude processual, além de associação criminosa.
Lialda Lemos falou. Disse que foi três vezes a Curitiba, mas que não haviam os cursos. Um homem ficava conversando com os vereadores e servidores da Câmara na porta. Quando chegavam já tinha uma lista de presença e certificado. Bastava assinar e voltar para casa. Ela diz no entanto, que errou em ficar com o dinheiro.
O inquérito tem mais de três mil páginas e aguarda parecer da Promotoria de Moralidade de Tijucas. Da sessão desta segunda-feira (01), sobrou sinais que será um ano atípico no Legislativo de Tijucas. Outro fator preponderante foi a falta de manifestações de repúdio da sociedade, passando a sensação de normalidade. Pelo menos na sessão da Câmara o silêncio imperou. Como será na frente do juiz? Como será na frente do eleitor em outubro?
Pelos indícios apurados até aqui pela polícia, o Legislativo tijuquense se transformou em casa de “canalhas consagrados”.
Em tempos
Durante a sessão desta segunda-feira (01) o veículo do jornalista Claudio Eduardo Souza teve o pneu furado em frente a Câmara de Vereadores. Coincidência ou não, na última edição do seu jornal ‘Daqui’, ele publicou uma grande reportagem abordando o esquema de corrupção. Inclusive divulgou trechos dos depoimentos dos parlamentares.
Eleições
A Operação Iceberg também pode alterar o jogo da disputa eleitoral de 2016. Dois dos políticos presos, Rogerinho e Sérgio Cordeiro, tinham público desejo de concorrer na majoritária.