
A Celesc (Centrais Elétricas de Santa Catarina) retomou nesta sexta-feira (26) as negociações com os sindicatos representantes dos trabalhadores para avançar no Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) referente ao período 2025/2026. O principal ponto em debate é a possível restituição do anuênio para os empregados admitidos depois de outubro de 2016, benefício que havia sido extinto por acordo entre as partes naquele ano.
O anuênio é um adicional salarial concedido com base no tempo de serviço, que correspondia a 1% do salário-base a cada ano trabalhado. O benefício foi eliminado em 2016 em comum acordo entre a empresa e os sindicatos, por razões ligadas à manutenção da concessão da Celesc Distribuição e também porque, segundo a empresa, já não era mais uma prática de mercado.
A volta do anuênio é considerada um dos temas mais delicados da negociação. A Celesc calcula que o impacto financeiro da reinstauração do benefício seria de aproximadamente R$ 787 milhões. Durante as reuniões, a companhia apresentou estudos, simulações e projeções para demonstrar a necessidade de cautela, alertando que a medida poderia comprometer a viabilidade econômica da estatal.
Além do anuênio, as partes também discutem questões salariais e trabalhistas mais amplas, como o reajuste salarial com base na inflação, a atualização dos auxílios, a ampliação do vale-alimentação, a concessão de um vale extra no início de 2026, a manutenção de programas de saúde, bem-estar e acessibilidade, além do compromisso com a estabilidade no quadro funcional e a renovação de benefícios já existentes. A Celesc reforçou que não retirou nem reduziu direitos conquistados e afirmou manter-se aberta ao diálogo. A empresa destacou ainda a importância de equilibrar benefícios e salários com a necessidade de investimentos para garantir sua saúde financeira e a qualidade do atendimento aos consumidores.
Como ainda não houve consenso, as negociações seguirão sob a mediação do Ministério Público do Trabalho (MPT), a pedido dos sindicatos. A participação do órgão será fundamental para tentar aproximar as partes e evitar que o impasse evolua para greves ou paralisações.
Para os trabalhadores, a retomada do anuênio representaria um ganho significativo na valorização profissional e salarial, especialmente para aqueles contratados após 2016. Já a Celesc alerta que a medida poderia afetar diretamente o equilíbrio financeiro da companhia, comprometendo investimentos e possivelmente refletindo no atendimento ao público.
A continuidade do diálogo e a mediação do MPT serão decisivas nos próximos dias para que se alcance um acordo equilibrado, que atenda aos interesses dos trabalhadores sem comprometer a sustentabilidade da empresa.