A Região Metropolitana de Florianópolis é destaque em estudo que analisou os critérios de limpeza urbana em mais de 1.700 cidades brasileiras. O ISLU (Índice de Sustentabilidade da Limpeza Urbana) avaliou 10 municípios na região expandida da capital catarinense e apontou os principais desafios e soluções na gestão de resíduos local. Angelina, Anitápolis e Nova Trento receberam a classificação máxima A.
O resultado positivo nas três cidades se deu por conta das boas notas em todos os critérios de avaliação do estudo, incluindo recuperação de materiais, sustentabilidade financeira, engajamento da população e impacto ambiental. “Esses bons resultados na Região Metropolitana de Florianópolis são reflexo de uma cultura local que valoriza o serviço de limpeza urbana a longo prazo e também podem ser observados nos estados da região Sul como um todo”, explica Ariovaldo Caodaglio, conselheiro do Selur.
Destaques Regionais
A gestão da limpeza urbana é um processo complexo; tanto que costuma ser o 3º ou 4º maior gasto das gestões municipais, segundo dados do STN (Secretaria do Tesouro Nacional) e das próprias prefeituras. De acordo com os critérios do ISLU, ter uma arrecadação adequada é prioritário para dar estabilidade ao serviço, de forma que ele não fique suscetível a decisões orçamentárias, por exemplo.
Na capital Florianópolis, o desafio é alcançar a sustentabilidade financeira para os serviços de limpeza urbana. Além disso, assim como em outras cidades no Brasil, Florianópolis registrou taxas muito baixas de recuperação de resíduos, com 4,7%. Para se ter uma ideia, países como Japão, Canadá e Alemanha têm taxas de reciclagem que podem chegar a 40%.
Em municípios como Garopaba e Leoberto Leal, a situação do serviço de recuperação de materiais é mais crítica, sendo inexistente nas cidades. No caso de Leoberto Leal, a gestão enfrenta outro desafio em relação a cobertura de sua coleta, que atende apenas 26% da população regional. “É preciso que se tenha a percepção da importância do serviço de coleta urbana para a saúde pública e o bem-estar das cidades. A fim de se ter um serviço eficaz, seguro e confiável é fundamental que a coleta atinja 100% da população”, afirma Caodaglio.
Impacto nacional
Para suprir a falta de informações sobre a limpeza urbana das cidades brasileiras e mapear os desafios para o cumprimento das recomendações da PNRS (Política Nacional de Resíduos Sólidos), o ISLU foi desenvolvido em parceria entre o Selur (Sindicato das Empresas de Limpeza Urbana do Estado de São Paulo) e a PwC Brasil. A pesquisa leva quatro aspectos em consideração:
Engajamento do Município (população atendida x população total);
Sustentabilidade Financeira (despesas com a limpeza urbana x despesas totais);
Recuperação dos Recursos Coletados (material reciclável recuperado x total coletado);
Impacto Ambiental (quantidade destinada incorretamente x população atendida).
O ISLU gerou resultados em 1.721 municípios brasileiros com base nos critérios da PNRS, aprovada em 2010, e criou um termômetro onde aponta os problemas e soluções de cada local, caso a caso, com pontuação de zero a um. Os dados utilizados foram coletados na base de 2014 do SNIS (Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento).
“O objetivo do ISLU não é ser um ranking de cidades limpas x cidades sujas. Os resultados dessa análise servirão de insumo para os gestores públicos e privados de limpeza urbana, assim como associações e a sociedade em geral, a tomarem as medidas necessárias a fim de atender as exigências da PNRS e fomentar um ambiente sustentável e saudável em seus municípios”, afirma o conselheiro do Selur.
“Para que um município tenha uma boa pontuação, ele deve apresentar bons resultados no conjunto total de indicadores utilizados. Com isso, o ISLU avalia uma série de informações consolidadas, sem trazer análises tendenciosas para o atendimento de apenas um aspecto da gestão da limpeza urbana”, explica Carlos Rossin, diretor da PwC Brasil e coordenador do Estudo.
Informação do site Economia SC