Município de Tijucas vem combatendo o hábito da população de dar esmolas para moradores de rua. De acordo com a secretaria de Assistência Social, estimula a permanência dos pedintes nas ruas. Além disso, pode agravar o problema das drogas na cidade. O repórter Sidnei Miranda foi às ruas e perguntou aos andarilhos o que eles pensam sobre as pessoas que doam esmolas. As respostas foram surpreendentes.
Jonh Alex Marques Miguel de 45 anos, natural de Minas Gerais, vive nas ruas de Tijucas. Ele conta que antes de viver como andarilho, tinha uma boa vida, trabalho e família. “Minha vida era normal. Rotineira, conforme os padrões impostos pela sociedade”, relata. Ex-vigilante de transportes de valores, graduado em teologia e foi ordenado pastor.
Miguel diz que fez escolhas que levou ele a ganhar as ruas. “Não tenho problema nenhum com as drogas. Me dou muito bem com elas. Sei manipular, sei usar e tudo que é necessário para usar a droga eu sei como fazer. O problema é comigo mesmo”, explica. Nas ruas desde 2009 já passou por mais de 200 cidades e oito estados.
O homem chegou em Tijucas após conhecer uma pessoa em Foz do Iguaçu, e acabou se mudando para Balneário Camboriú. Com o fim do relacionamento Jonh começou a vagar pelas ruas. No dia que concedeu entrevista ao repórter Sidnei Miranda da Rádio Vale, o andarilho estava na Assistência Social e procurava tomar um banho e buscando uma internação para tratamento das drogas.
“Viver na rua pra mim é uma certa zona de conforto, porque não tenho responsabilidade com nada e ninguém. Então viver na rua hoje pra mim é muito fácil. Acordo na hora que quero e durmo na hora que quero e como na hora que quero. Faço o que quero da minha vida. Porém, viver na rua tem seu lado difícil e negro”, conta Miguel.
Para manter seu vicio em drogas e se alimentar, Jonh diz que articula situações e manipula pessoas e mente. Contador de histórias, tenta convencer as pessoas a fazer doações. “Umas mais mirabolante que a outra. Eu optei pelo lado psicologia. Tenho esse dom e uso ele para poder me manter. Literamente falando sou 171 nato”, revela o andarilho.
A cada nove abordagens que Jonh faz nas ruas, em sete é bem sucedido. “Ganho muito dinheiro. Ontem eu gastei R$ 256 com crack, dinheiro que consegui na rua. Quase todas as abordagens que fiz próximo ao Banco do Brasil e Itaú as pessoas deram dinheiro”, diz.
Jonh afirma que quando aborda uma pessoa não pede esmolas, mas sim estipula um valor. “Eu comecei o dia precisando de R$ 38 e sai para conseguir esse valor. Precisava de R$ 30 para conseguir comprar uma grama de pedra, R$ 3,50 para comprar uma maço de cigarro e R$ 5 para uma isqueiro. Então eu sai com esse foco”. Pra comer o andarilho geralmente passa nos restaurantes e padarias.
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