O Brasil enfrenta uma severa crise de saúde mental, que afeta diretamente a vida de trabalhadores e empresas. De acordo com dados obtidos com exclusividade pelo g1, o Ministério da Previdência Social registrou mais de 470 mil afastamentos do trabalho por transtornos mentais em 2024, o maior número desde 2014. Esse recorde representa um aumento de 68% em relação ao ano anterior, com 472.328 licenças médicas concedidas devido a doenças como ansiedade e depressão.
Especialistas atribuem esse aumento à situação econômica e social do país, às cicatrizes deixadas pela pandemia e às condições do mercado de trabalho. Em resposta a essa crise, o governo federal implementou medidas mais rigorosas, incluindo a atualização da NR-1, que estabelece diretrizes para a saúde no ambiente de trabalho. Agora, as empresas estão sujeitas a fiscalização e possíveis multas.
Impacto Econômico e Social
Os dados fornecidos pelo Ministério da Previdência Social permitem traçar um panorama detalhado da situação. Em 2024, foram feitos 3,5 milhões de pedidos de licença ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) por diversas doenças, dos quais 472 mil foram relacionados à saúde mental. Isso representa um aumento significativo em relação aos 283 mil benefícios concedidos por esse motivo no ano anterior.
Entre as doenças de saúde mental mais comuns, o burnout foi responsável por 4 mil afastamentos, apesar das dificuldades de diagnóstico. Além disso, os dados mostram que o número de afastamentos representa licenças e não trabalhadores individuais, já que uma pessoa pode tirar mais de uma licença médica no mesmo ano.
Distribuição Geográfica e Custos
Os estados mais populosos, como São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, registraram o maior número de licenças. Proporcionalmente, os maiores índices de afastamentos em relação à população foram observados no Distrito Federal, em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul.
O INSS não divulgou o total de verba destinada à assistência à saúde mental, mas informou que os trabalhadores afastados passaram, em média, três meses fora do trabalho, recebendo cerca de R$ 1,9 mil por mês. Com base nesses valores, o impacto econômico pode ter chegado a quase R$ 3 bilhões em 2024.
Conclusão
A crise de saúde mental no Brasil é um problema urgente que exige atenção e ação por parte de todos os setores da sociedade. Com o aumento significativo de afastamentos por transtornos mentais, é crucial que medidas sejam tomadas para melhorar as condições de trabalho e oferecer apoio adequado aos trabalhadores afetados.
A atualização da NR-1 e a fiscalização das empresas são passos importantes, mas é necessário um esforço conjunto para enfrentar essa crise e promover a saúde mental no ambiente de trabalho.