Durante o dia, a cotação da moeda atingiu R$ 5,287, um aumento em relação ao fechamento de R$ 5,18 do dia anterior, marcando o patamar mais elevado desde 27 de março de 2023.
O dólar está em alta forte nesta terça-feira (16), caminhando para o segundo dia consecutivo de cotações em seu maior nível em mais de um ano. Por volta das 15h20, a moeda registrava um avanço de 1,54%, atingindo R$ 5,264. O câmbio chegou a R$ 5,287 no pico do dia até o momento.
Se o mercado encerrasse agora, o dólar estaria no patamar mais alto desde 23 de março de 2023, quando fechou em R$ 5,288.
As tensões entre Irã e Israel estão pressionando o câmbio, impulsionando o dólar, que é considerado um refúgio seguro. Além disso, a moeda norte-americana está reagindo aos dados econômicos recentes. A produção industrial nos Estados Unidos subiu 0,4% em março em relação a fevereiro, em linha com as expectativas dos economistas da Bloomberg. No primeiro trimestre do ano, no entanto, houve uma queda de 1,8% na produção industrial americana.
A deterioração da percepção sobre o risco fiscal no Brasil também está impactando a relação entre o real e o dólar, com o real entre as piores moedas do dia desde o início da sessão. Marília Fontes, analista da Nord, observa que nos últimos meses o governo reconheceu a dificuldade em atingir as metas fiscais, o que já era esperado pelo mercado.
Apesar disso, o governo resistiu a cortar gastos e continuou a aumentar a arrecadação para reduzir o déficit. Ontem (15), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou que a meta fiscal para 2025 será alterada de um superávit de 0,5% para um saldo zero.
“Mudar a meta quando não se consegue cumpri-la é prejudicial e obviamente desacredita qualquer regime fiscal. O mercado reage com um aumento no prêmio de risco, resultando em fuga de capitais e consequente desvalorização do câmbio”, conclui Fontes.
Esse cenário ocorre em um momento em que as taxas de juros brasileiras estão em queda, enquanto as dos EUA permanecem altas. Isso cria uma fragilidade cambial e reduz a atratividade do real, o que desvaloriza ainda mais a moeda.
Segundo o economista do banco suíço Julius Baer, David Alexander Meier, o CPI dos EUA divulgado na semana passada teve um impacto significativo nas expectativas em relação à política de flexibilização do Fed dos EUA, adiando as expectativas de corte de juros. Portanto, o fortalecimento do dólar deve persistir por alguns meses devido à vantagem temporária das taxas dos EUA.