Apesar da brusca queda na demanda interna por calçados, o setor aposta em retomada no segundo semestre, especialmente a partir dos negócios efetuados no mercado internacional. Essa é a expectativa do presidente-executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), Heitor Klein, colocada na semana passada para a imprensa nacional durante coletiva de imprensa realizada durante a Francal 2018. Também participaram do encontro o presidente da Francal, Abdala Jamil Abdala, e o presidente da Associação Brasileira dos Lojistas de Artefatos e Calçados (Ablac), Marcone Tavares.
Na oportunidade, Klein destacou que, apesar dos indicadores negativos, tanto no mercado doméstico como internacional (leia abaixo), a “saúde intramuros” do setor permite projeções melhores já no segundo semestre”. Para executivo, mesmo em meio à recessão econômica registrada nos últimos anos e a queda na produção – que gerou uma capacidade ociosa em torno de 35% nas fábricas de calçados – a atividade conseguiu manter alguma estabilidade, sem um número significativo de fechamentos de estabelecimentos. “Hoje, o setor está maduro e atento às questões de caixa, mantendo a redução de custos até o momento em que a situação esteja normalizada”, pontou. Segundo ele essa situação coloca uma possibilidade de almejar um segundo semestre positivo, especialmente para as empresas que estejam com estratégias definidas no mercado internacional, posto que a demanda doméstica deve seguir baixa até o final do ano e a cotação cambial favorável para formação de preços mais competitivos. “As coleções de verão, apresentadas durante a Francal, e que também serão expostas nas feiras internacionais nesta segunda parte do ano, devem dar um impulso às vendas de calçados. É a estação mais vendedora para os fabricantes brasileiros”, projetou o executivo.
Frequência de compras
O presidente da Ablac apresentou uma pesquisa realizada pela entidade em parceria com a Kantar Worldpanel, que aponta para uma queda de 1% nas vendas domésticas de calçados no comparativo entre maio deste ano com o mesmo período de 2017. Por outro lado, Tavares destacou a melhora na frequência de compras (de 13,8% no comparativo entre julho do ano passado e maio de 2018), o que permite boas expectativas para o varejo ainda em 2018. “O aumento na frequência significa mais oportunidades para a loja física, desde que essa entenda que o consumidor atual busca uma experiência diferenciada de compra”, comentou o dirigente, para quem o varejo do segmento deve crescer na faixa de 2% na segunda parte do ano, tanto em função do aumento da frequência de visitas ao varejo como de uma demanda reprimida dos últimos semestres. “Para 2019 as projeções são melhores, mas essa expectativa depende também do fato político – Eleições”, concluiu.
Abicalçados
A Abicalçados participa da feira paulista com ações de promoção comercial e de imagem. Para esta edição, a entidade calçadista realiza, em parceria com o Escritório da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos da Eurásia (Apex-Brasil Eurásia), o Projeto Comprador Vip, que trouxe compradores de um dos maiores grupos de calçados e artigos infantis da Rússia, o grupo Gulliver.
Além do projeto comercial, a entidade realiza, por meio do Brazilian Footwear, programa de apoio às exportações de calçados mantido em parceria com a Apex-Brasil, o Projeto Imagem. Por meio deste, foram trazidos ao Brasil oito veículos segmentados dos principais mercados para o calçado brasileiro no exterior: Serma, da Argentina; Style America, El Tiempo e Publimetro, da Colômbia; Globalfashion, da Espanha; Edizioni AF e Moda Pelle, da Itália; e Shoes Magazine, da Rússia. O objetivo é proporcionar maior visibilidade para o produto Made in Brazil no exterior.
Números do setor
Estabelecimentos: 7,1 mil;
Produção (2017): 909 milhões de pares;
Exportação (2017): 127 milhões de pares ;
Consumo interno (2017): 899 milhões de pares;
Emprego (maio de 2018): 294,6 mil postos ante 300,6 mil em maio do ano passado (-2%);
Produção: entre janeiro e maio a produção de calçados caiu 4,6% na relação com mesmo período de 2017. Somente no mês de maio, abalado severamente pela greve dos caminhoneiros, a queda foi de 15,8% na relação com mesmo mês do ano passado;
Exportações: entre janeiro e junho de 2018 as exportações de calçados caíram 6,7% em volume e 7,9% em receita, fechando em 55,3 milhões de pares embarcados por US$ 486,9 milhões. O comparativo é com mesmo período de 2017.