Nos primeiros seis meses de 2017 foram homologados 922 demissões no Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Calçados de São João Batista. Os números apresentados nesta quarta-feira (05) pelo presidente Everton Quirino, geram preocupação já que é no segundo semestre onde tradicionalmente se concentram as demissões no setor. Movimento inverso revela desaceleração na produção e que pode se agravar no segundo semestre do ano.
Levantamento do Sindicato não inclui as rescisões de contrato antes do término da experiência. O fim da política de desoneração da indústria, anunciada pelo governo de Michel Temer, fatalmente provocará novas demissões no setor. A mão de obra representa até 35% do custo de produção. Desoneração poderá se somar aos fatores locais, gerando impactos ainda mais negativos na economia local.
Historicamente um alto volume de rescisões é registrado no final do ano em São João Batista. Com o fechamento das produções, empresas aproveitam para reduzir o número de trabalhadores e voltam a contratar nos meses de janeiro, fevereiro e março. Durante todo o ano de 2016, foram homologadas pelo Sindicato dos Trabalhadores 1552 demissões. Além da redução na produção de calçados, empresas que fecharam auxiliaram no agravamento da situação.
Situação do desemprego na região do Vale do Rio Tijucas ficou clara na abertura da filial do calçados Ala em Canelinha. Para as 260 vagas que serão criadas no município, foram feitas 900 fichas de inscrição. De acordo com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores, as pessoas que participam da seleção para vaga em Canelinha, estão fora do mercado de trabalho e buscam uma recolocação.
Everton Quirino defende que as autoridades locais, representantes das indústrias e trabalhadores devem debater alternativas para a manutenção das vagas de trabalho na cidade. Entre as alternativas está a busca por benefícios fiscais para o setor calçadista. No inicio da semana o Governo do Estado reduziu o ICMS para os produtores de suínos, que deixarão de ser tributados em 12% ficando o imposto em 6%, o que deve impulsionar o setor.
Nos últimos cinco anos, mais de 45 empresas calçadistas fecharam as portas em São João Batista. Produção ampliada nas grandes indústrias absolveu o impacto das demissões, o que agora mostra estrangulamento. Empresas também deixaram a região em busca de incentivos fiscais na Bahia. É o caso da Lia Line que estava instalada em Nova Trento e hoje tem 10 unidades de produção no nordeste e gera 2.800 vagas. Renata Mello e Barbará Krás são outras duas empresas batistenses que se instalaram na Bahia.
Atualmente a indústria calçadista de São João Batista gera 8 mil emprego diretos e indiretos.