
A decisão de universidades de Santa Catarina de encerrar políticas de cotas raciais provocou repercussão imediata no meio político e acadêmico. A medida reacendeu o debate sobre os critérios de acesso ao ensino superior e dividiu opiniões entre representantes do governo, especialistas em educação e movimentos sociais.
De um lado, há a defesa de que o ingresso nas universidades públicas deve priorizar critérios socioeconômicos, como renda familiar e origem em escola pública. Para esse grupo, a renda seria um indicador mais eficaz das desigualdades sociais, garantindo que estudantes em situação de vulnerabilidade tenham acesso ao ensino superior, independentemente de raça ou etnia.
Por outro lado, críticos da decisão afirmam que o critério racial continua sendo necessário para enfrentar desigualdades históricas que não se explicam apenas pela renda. Eles argumentam que pessoas negras e indígenas ainda enfrentam barreiras estruturais no acesso à educação, ao mercado de trabalho e a oportunidades, mesmo quando pertencem a faixas de renda semelhantes às de outros grupos.
No governo estadual, a decisão também gerou reações distintas. Enquanto alguns representantes defendem a autonomia universitária para definir seus processos seletivos, outros avaliam que a mudança pode representar um retrocesso nas políticas de inclusão e diversidade no ensino superior.
Especialistas destacam que o debate não se limita a escolher entre renda ou raça, mas envolve a análise de modelos combinados de ação afirmativa, já adotados em outras instituições do país. Esses modelos buscam contemplar múltiplos fatores de desigualdade, ampliando o acesso de grupos historicamente excluídos.
O tema segue em discussão e deve continuar mobilizando universidades, poder público e a sociedade civil, especialmente em um contexto nacional de revisão e avaliação das políticas de ações afirmativas no Brasil.









