No último domingo (17), a Polícia Federal efetuou a prisão de um hacker em Campo Grande (MS), que estava sendo procurado pela Interpol. Selmo Machado da Silva havia chamado a atenção das autoridades depois de invadir o sistema do Tribunal Regional Federal da Terceira Região e modificar o parecer do Ministério Público Federal em pelo menos seis processos nos quais figurava como réu, com a intenção de influenciar o juiz e obter uma absolvição favorável.
O hacker empregou artifícios, como um login e um certificado digital falsificados, para se passar por um servidor. Este “servidor fictício” detinha privilégios de administração do sistema, o que permitiu a ele realizar essas alterações. A partir daí, ele conseguiu acessar as credenciais e senhas de servidores e juízes do TRF, conforme detalhou o delegado da Polícia Federal Alberto Ferreira Neto.
Nas partes dos processos em que o Ministério Público recomendava a condenação, o hacker inseriu a frase: “Merecendo ser acolhida a tese defensiva.”
Além disso, Selmo esteve envolvido em uma quadrilha de hackers adolescentes que roubaram senhas de membros da Polícia Militar, Exército e do sistema judiciário. A investigação desmantelou uma operação que vendia acesso a mais de 20 milhões de logins na dark web.
As autoridades também apontam que Selmo tentou movimentar fundos de contas judiciais para contas sob seu controle, usando intermediários. Por esses crimes, ele já havia sido condenado a nove anos de prisão, mas estava foragido desde 2021.
A defesa de Selmo destacou que ainda não houve uma decisão definitiva, enfatizando que há espaço para recursos legais. Eles também apontaram um suposto conflito de interesses, alegando que o cliente está sendo julgado pelos membros do tribunal que alegadamente tiveram suas contas invadidas.
Em comunicado, o TRF-3 afirmou ter implementado uma série de medidas para evitar atividades criminosas semelhantes no futuro.