
O preço do arroz em Santa Catarina caiu de forma expressiva em setembro de 2025 e já está abaixo do custo de produção em muitas regiões. A saca de 50 quilos, que vinha sendo comercializada a R$ 65, chegou em algumas indústrias ao patamar de R$ 58, valor que não era visto desde a pandemia. A situação acendeu o alerta entre os produtores, que temem prejuízos generalizados caso o cenário se prolongue.
Entre os fatores que explicam a queda estão a superoferta da safra 2024/2025, considerada elevada e responsável por estoques internos muito acima da média, e as oscilações do mercado internacional, pressionado pela produção recorde em diversos países. Além disso, a isenção de impostos de importação em determinados períodos reduziu a competitividade do arroz nacional, dificultando o escoamento da produção. Ao mesmo tempo, os custos de insumos, embalagens e beneficiamento seguem altos, o que agrava a diferença entre custo e retorno financeiro.
A demanda interna, que se mantém estável ou em queda, não acompanha o ritmo da oferta. Assim, comunidades rurais que dependem fortemente da cultura do arroz já sentem os impactos econômicos. Muitos agricultores trabalham no prejuízo, e alguns avaliam reduzir investimentos em insumos como adubo e ureia, o que pode comprometer a qualidade dos grãos e a produtividade da próxima safra. Também há o risco de diminuição da área plantada em 2025/2026, já que parte dos produtores considera migrar para outras culturas.
O setor discute medidas para amenizar a crise, como a realização de compras públicas para formação de estoques reguladores, políticas de incentivo à exportação e campanhas que estimulem o consumo do arroz no mercado interno. A expectativa é que essas iniciativas ajudem a equilibrar a oferta e reduzir a pressão sobre os preços.
No entanto, o curto prazo ainda é de incerteza. A recuperação depende de fatores externos, como o comportamento do mercado internacional, e de políticas que possam dar mais competitividade ao produto nacional. Até lá, o temor dos produtores é de que a continuidade da queda comprometa não apenas a renda das famílias rurais, mas também a sustentabilidade da cadeia produtiva do arroz em Santa Catarina.