A empresa de biotecnologia Ose Immunotherapeutics divulgou que a vacina Tedopi aumentou significativamente a sobrevivência em pessoas com câncer de pulmão de células não pequenas em estágio avançado, a forma mais comum da doença, frequentemente associada ao tabagismo.
O estudo, que alcançou a fase 3 – última etapa antes da aprovação regulatória -, incluiu 219 pacientes dos Estados Unidos e da Europa que não respondiam a outros tratamentos. Desses, 139 pacientes receberam a vacina, enquanto 80 receberam quimioterapia. Os resultados, recentemente publicados na revista científica Annals of Oncology, indicam não apenas uma significativa redução no risco de morte, mas também uma melhoria na qualidade de vida dos pacientes.
A taxa de sobrevida global em um ano com o uso da vacina Tedopi foi de 44,4%, em comparação com 27,5% para aqueles que receberam quimioterapia.
O Professor Benjamin Besse, principal autor do estudo e afiliado ao Instituto Gustave Roussy, comentou: “Foi observada uma notável diminuição de 41% no risco de morte, acompanhada de uma melhora na tolerância ao tratamento e na manutenção da qualidade de vida”.
Apesar dos resultados promissores, os pesquisadores destacam a necessidade de múltiplas aplicações durante o tratamento, além de ressaltar que este foi conduzido em um grupo específico de pacientes que já haviam passado por dois tratamentos anteriores e possuíam o gene HLA-A2, presente em cerca de metade da população.
A vacina é inicialmente administrada a cada três semanas, seguida de intervalos de oito semanas ao longo de um ano e, posteriormente, a cada 12 semanas.
A Tedopi representa um avanço notável na imunoterapia contra o câncer e difere das vacinas tradicionais, pois tem como objetivo tratar a doença em vez de prevení-la. Funciona treinando o sistema imunológico do paciente para identificar e destruir seletivamente as células tumorais. Dessa forma, utiliza o sistema de defesa natural do paciente para combater o câncer, caracterizando-se como uma imunoterapia.
O campo da imunoterapia tem visto avanços significativos desde 2010, e as pesquisas em vacinas foram impulsionadas pelos estudos durante a pandemia, que aceleraram o desenvolvimento de vacinas, especialmente as de mRNA, conforme observado pelo Cancer Research UK.
Atualmente, diversos tratamentos imunoterapêuticos foram aprovados, e há uma variedade de outras pesquisas em andamento neste campo. O câncer de pulmão é o quinto tipo de câncer mais comum no Brasil, respondendo por 4,6% dos casos de câncer registrados no país, sendo tabagismo e exposição ao fumo passivo as principais causas dessa doença. Mesmo sendo um dos cânceres mais letais, o tratamento para o câncer de pulmão evoluiu consideravelmente nos últimos anos, oferecendo opções como cirurgia para estágios iniciais e imunoterapia para estágios avançados, além de combinações com quimioterapia e radioterapia para melhorar as taxas de sobrevivência.