A indústria de Calçados Ala, vai levar para o município de Canelinha parte de sua produção. A empresa vai ocupar o terreno e prédio onde funcionava a empresa Buettner as margens da Rodovia SC-410. Negociação foi tocada pessoalmente pelo prefeito Moacir Montibeler que pretende reativar a geração de empregos e negócios no município. Já nos primeiros meses de funcionamento na Terra das Cerâmicas serão gerados mais de 260 empregos diretos e outra centena com abertura de ateliers na cidade.
Decisão de instalação na terra das cerâmicas foi tomada após cancelamento de investimento de R$ 6 milhões na ampliação da fábrica em São João Batista. Compra do terreno ao lado da estrutura atual estava em estágio avançado e foi suspenso após ordem para demolição de garagem dos funcionários na Sede Social. A Prefeitura Municipal também suspendeu o Habite-se de prédio no centro da cidade, do mesmo grupo o que para os empresários caracteriza ‘perseguição política’.
Sem a demolição da garagem de motos e bicicletas, a Administração não libera o Habite-se da Sede Social, impedindo o funcionamento do restaurante onde almoçam todos os dias parte dos trabalhadores. “Habite-se” é uma certidão expedida pela prefeitura atestando que o imóvel (casa ou prédio residencial ou comercial) está pronto para ser habitado e foi construído ou reformado conforme as exigências legais estabelecidas pelo município, especialmente o Código de Obras.
Primeiro setor a ser transferido para Canelinha será o de montagem, gerando ao menos 260 vagas de trabalho diretos na cidade. Previsão é que a planta esteja em funcionamento já no mês de junho. Atualmente Calçados Ala gera 600 empregos diretos e 1.200 indiretos em São João Batista e produz nove mil pares por dia. É uma das maiores produtoras de calçado feminino na cidade. Empresa foi fundada em 1985 e a atual estrutura ocupa mais de sete mil metros quadrados.
Nos últimos quatro anos setor industrial vem reduzindo investimentos em São João Batista em razão da burocracia, falta de diálogo com o poder público e excesso de notificações nas empresas. Grandes produtoras de calçados já levaram plantas para a Bahia como é o caso da Barbará Kras, Lia Line, Renata Melo e Passo a Passo Injetados. Foram para o nordeste seduzidos por benefícios fiscais e apoio das prefeituras locais, com programas de geração de empregos.
De acordo com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Calçados, Everton Quirino, o maior medo é que a implantação do Ala em Canelinha crie um efeito cascata e impulsione outras indústrias a deixarem a Capital Catarinense do Calçado. “Momento é de reflexão. Se não pararmos e pensar com calma na situação da indústria nós vamos sofrer”, diz. Ele afirma que a situação do Ala deve repercutir na cadeia produtiva local, interferindo até nos atelier já que esses postos de trabalho devem migrar junto para Canelinha.
Em 2016 foram 1.500 homologações por demissões
Principal preocupação do Sindicato dos Trabalhadores está relacionada com o fechamento de postos de trabalho na cidade. Só no ano passado foram homologadas mais de 1.500 demissões no setor, sendo que 120 vagas foram eliminadas pelo fechamento de empresas. Atualmente o setor calçadista gera cerca de cinco mil vagas.
Neste mês o sindicato chegou a pedir a penhora de equipamentos da empresa Vionee, para conseguir fazer o pagamento dos direitos dos trabalhadores que foram demitidos em dezembro. Aproximadamente 40 trabalhadores perderam o emprego com o encerramento das atividades indústria. “Não nos posicionamos politicamente, nem defendemos empresários e indústria. Agora, vamos brigar pelos trabalhadores e pela garantia das vagas de trabalho na cidade”, afirma Everton Quirino.
Fechamentos de postos de trabalho pode repercutir inclusive nos níveis salariais. Com maior oferta de mão-de-obra os trabalhadores perdem força nas negociações. Setores de componentes também pode ser contaminado. “Migração para outras cidades pode estimular que outros empresários sigam esse caminho. Tem que agir para impedir que essa decisão afete fortemente a economia da cidade e os trabalhadores”, analisa o presidente do Sindicato dos Trabalhadores.
Prefeito agiliza desapropriação
O processo de desapropriação do terreno da Buettner teve início em fevereiro, já no início da gestão. O objetivo do prefeito Moacir Montibeler era agilizar as ações que cabem a Administração Municipal, já que, a busca por empresas havia iniciado no dia seis de fevereiro, na visita á FIESC – INVESTE SC.
Em março, o prefeito e o Secretario de Agricultura, Indústria e Comércio, Thiago Vinícius Leal, visitaram algumas empresas de calçados em São João Batista. Em uma das oportunidades, a convite dos empresários Aderbal Manoel dos Santos e Alyson dos Santos, da Indústria de Calçados ALA Ltda., apresentaram a estrutura e o funcionamento de uma empresa de calçados e o interesse de se instalarem Canelinha.
Na última terça-feira (16/05), o prefeito Moacir Montibeler encaminhou a Câmara de Vereadores o Projeto de Lei no 024/2017, que autoriza a doação do terreno da antiga Buettner. O projeto foi aprovado por unanimidade, reconhecendo a importância da ação do prefeito para a cidade.
Aprovada a Lei 3284/2017, o prefeito Moacir Montibeler reuniu-se com o Conselho Municipal de Desenvolvimento Econômico, apresentando o requerimento da Indústria de Calçados ALA Ltda., interessada em instalar-se em Canelinha. Depois da análise do conselho – das condições que a empresa oferecerá e a real necessidade de abrir novas frentes de trabalho no município, por consenso, deram parecer favorável. Agora, a Administração Municipal aguarda os trâmites para assinatura da doação do terreno para a Indústria de Calçados ALA Ltda., prevista para a próxima semana.
Prefeito já avista o futuro buscando novas empresas
A busca de novas empresas e geração de empregos no município continua sendo prioridade número 1 da gestão. Para o prefeito Moacir Montibeler, conceder benefícios é um avanço para todo município. “Além de gerar oportunidades de empregos para nossa gente, toda economia do município será afetada de forma positiva, é um crescimento para todos”.