O tom, o discurso e os fatos apresentados nos discursos de Daniel Cândido (PSD) na posse, são sinais claro de uma nova dinâmica de governo a ser encarada daqui por diante. É tempo de secar as feridas de campanha, olhar para frente e perceber que São João Batista não sobrevive à eterna disputa partidária. A questão vem sendo pontuada por Cândido desde dezembro, na diplomação, em seus pedidos de paz na política batistense.
Guinada é mostra de maturidade política e se assemelha a forma com que o deputado estadual Gelson Merisio trata esses assuntos. É considerado uma ‘águia’ na gestão política do estado, e tem grande proximidade com o prefeito batistense. Merísio foi, por exemplo, o patrocinador da proximidade histórica entre o PSD e PP, que agora ganhou cargos na administração estadual. Sempre conciliador, o deputado personifica a nova leva de políticos que abomina o ringe partidário.
Pregação de unidade após um período eleitoral conturbado, é convite a deixar as ‘armas de lado’ e pensar que todos vivem no mesmo chão. E o Daniel que assumiu em primeiro de janeiro, tem facetas diferentes do de 2013. O próprio prefeito reconheceu no discurso: “hoje tive a oportunidade de falar aquilo que sinto no coração. Aquilo que queria ter falado há quatro anos, mas não me foi permitido. E naquela época eu fui fraco, mas hoje o povo me deu força, mostrou que confia em mim”, disse.
Natural que a mão estendida só terá efeitos se precedida da retribuição do sinal por parte da oposição. Já é um começo. O convívio pacífico poderá ser positivo para o município, ao ponto em que atravessa, junto com o país, de uma crise sem precedentes, queda nos recursos e de turbulências na política nacional. Poderá elevar o nível de uma política que é afeita a gostar ou não de uma pessoa. Na nova política as vaidades, ganham passagem.
Quando assumiu em 2013, a carga que recebeu junto com o cargo colocaram Daniel no contraponto. Era o vice, que assumiu faltando poucas horas para a abertura das urnas e o preço foi alto. Dos pedidos insistente de interferência na gestão, de uma base que acreditava que poderia tomar a caneta nas mãos e fazer o que bem entendesse. O cenário agora se inverteu. Foi eleito por seus próprios méritos, criou sua base e tem o poder nas mãos.
A montagem da equipe que vai governar também respalda os discursos. Tem de profissional sem filiação partidária, a ex-prefeito membro de um partido opositor no município. Dos discursos também fugiram os temas do palanque. Outro acerto no tom e conteúdo. É tempo em que todos os políticos devem estar fora das barricadas de campanha. Eleitos livres para trabalhar e opositores se reagrupando para a nova campanha que acontecerá em 2020. Sem o eterno palanque a vida na cidade fica mais suave.
Se acertou no tom, o prefeito também foi pontual nos fatos. Afirmou na porta da prefeitura que mesmo que tenha que descontentar alguns que trabalharam na campanha, o novo governo será de austeridade. Terá que enxugar a máquina pública, reduzir a folhas de pagamentos, fazer mais com menos. Nem todos conseguirão emprego na prefeitura, o que pode resultar em descontentamentos. Como disse Daniel no discurso, é preciso pensar no conjunto da cidade.
É certo que os próximos quatro anos apresentam desafios para a cidade. As formas com que se atravessará é uma questão de escolha. Cabe aos políticos, além de executarem obras que são fundamentais para a cidade, estimular a estima da cidade. O começo foi promissor com o tom certo e os fatos que devem ser encarados daqui por diante. É desarmar os espíritos e deixar a cidade seguir seu curso.
“Não somos inimigos, mas sim amigos. Não devemos ser inimigos. Embora o ódio nos leve até o limite, não deve romper nossos laços de afeto.” ― Abraham Lincoln