Buraco no telhado que causava infiltração e piso danificado, levaram a interdição do Ginásio Manecão em fevereiro de 2013. De lá para cá a situação do local ganhou contornos dramáticos, foi alvo de debates políticos, promessas de reforma e revolta dos amantes do esporte. Completando 33 anos de fundação no dia 10 de outubro, o Manecão; que de acordo com material de campanha de 2016 já tinha recursos garantidos; voltou à cena na sessão de segunda-feira (02). Da tribuna o vereador Éder Vargas (PMDB) relatou pedido de verba para assessor de deputado, e que poderia ser destinado à reforma do espaço.
Semanas que antecederam a eleição de 2016, o prefeito Daniel Cândido (PSD) anunciou que a reforma do Manecão já teria recursos financeiros garantidos para execução da reforma. Aliás, não seria uma simples reforma. O espaço seria completamente remodelado, ganhando contornos modernos. Para que o projeto apresentado na campanha saísse do papel, seriam necessários entre R$ 3 a R$ 4 milhões. Após o anúncio, não houve discussão. Afinal, dinheiro garantido é reforma ou construção garantida. O resto à história esclarece: não havia dinheiro nem projeto. Só um desenho que serviu como propaganda eleitoral.
O ginásio foi inaugurado no governo de Sinésio Dadam em 1984. Garrega memórias de muitos batistenses. Foram dias de glória. E hoje, dias de abandono. A bola não rola mais. As arquibancadas estão vazias. A multidão apaixonada deu espaço a um ou outro usuário de drogas que se aventura pelos escombros. Do Manecão restaram memórias de quem presenciou as mais importantes disputas do esporte local. E os pedaços, como símbolo da decadência de um patrimônio do município.
Estádio lotado com as olimpíadas interbairros e os Jogos Escolares. Foi nesse palco que São João Batista disputou o Catarinense de Futsal. Em época de eleições, quando o voto era no papel, na quadra as urnas eram abertas e realizada a contagem. E tinham as formaturas, dispensa do serviço militar. E o orgulho dos batistenses.
Das ruínas do Manecão a lembrança do Avaí, quando venceu a Série B, e disputou partida com os Atletas de Cristo em 1998. Ginásio lotado. O prefeito era Jair Sebastião Nonga de Amorim. Partida beneficente que arrecadou mais de uma tonelada de alimentos. Treinador da seleção local foi o saudoso Galego, em jogo que terminou em 8 a 7.
Os traços da história do Manecão se confundem também com o momento político vivido por São João Batista. A emoção da contagem do voto a voto na quadra, transmitido pela rádio. Glivan Cipriani, Moacir Muniz, João Luiz Ramos, Zilto Vilanova e Antero Alexandre participaram desses momentos.
Silêncio e destruição se seguiram a fevereiro de 2013, quando o espaço foi interditado. Com a depredação do espaço, os recursos que seriam gastos na manutenção do ginásio se transformaram em milhões para uma reforma ampla. Apesar das promessas, nada foi feito para recuperar o local.
Sérgio Roberto Machado, o Sérginho da Fube, entregou um Manecão em dezembro de 2012, e quando voltou a assumir a Fundação Batistense de Esportes, recebeu outro. Destruído. Uma visita ao local é possível perceber entulhos, plantas crescendo em meio à quadra. Das salas nos fundos, resta pouca coisa. E as belezas do Manecão vão se escondendo na névoa da falta de responsabilidade com o bem público.
A poucos metros uma nova praça foi criada. Ao lado uma rua improvisada. Mas, o majestoso Manecão insiste em olhar com tristeza e dureza, acabado, entregue aos drogaditos e a ação do tempo. Novos espaços foram criados, e que já tínhamos foi colocado deixado para padecer com a destruição.
No Manecão a banda não toca mais, nem os jovens se formam. A bola não tem mais espaço na quadra dominada por lixo e mato. As paredes se tornaram santuário para os pichadores. E as memórias vão se perdendo. E novo projeto de recuperação é apresentado. Serão milhões de reais se um dia sair do papel. No Manecão não tem mais grito de torcida, tem lamento pela insensatez da Administração Municipal que virou as costas para a sua própria história. O Manecão é nosso.
E festeja os 33 anos, com tristeza.