A criança não se alimentava e só gemia. Desde a hora do nascimento os pais perceberam que havia algum problema com o pequeno André Bunn. Para os médicos estava tudo normal, e por telefone mãe e filho ganharam alta hospitalar no dia sete de novembro. Três dias após nascer e sem um diagnóstico no Hospital Imaculada Conceição, pais levaram bebê para o Hospital Infantil, foi submetido a cirurgia de emergência e passou quatro dias na Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
Quando deu entrada no Infantil, a criança estava com desidratação e pneumotórax ao nascer. De acordo com o diagnóstico do hospital da capital, o pulmão da criança teria se rompido e quando respirava o ar vazava. Foi criando uma camada de ar entre as costelas e o pulmão e órgão passou a ser comprimido.
Imediatamente o bebê foi submetido a intervenção cirúrgica para colocação de um cateter. “Ele chegou ao Hospital Infantil ser ar e quase sem vida. Isso está tudo relatado no prontuário”, conta o pai Adilson Bunn. Começou a receber hidratação e a criança foi aos poucos apresentando melhoras. Foram quatro dias na UTI Neonatal. O bebê recebeu alta oito dias depois e passa bem.
André Bunn nasceu no dia cinco de novembro. Todos os passos dos procedimentos adotados pelo Hospital Imaculada Conceição de Nova Trento estão registrados no prontuário de atendimento. Desde que nasceu André lutou pela vida junto com seus pais. Veio ao mundo através de uma cesariana comandada pelo médico Tomaz Souza. Não chorou, gemia desde que foi retirado da mãe.
De acordo com relato do pai, Adilson Bunn, a cesária foi uma recomendação do próprio Tomaz. E foi o próprio médico que aplicou a anestesia. Na unidade também não havia médico pediatra para fazer o acompanhamento.
Ao nascer já foi identificado que a criança estava com algum problema, já que em vez de chorar gemia. “Ele tinha poucos movimentos e reflexos”, relata. O médico que fez o parto alegou que a situação da criança era normal. Horas após o nascimento a criança continuava gemendo, e uma nova avaliação foi realizada. Novamente, segundo o Adilson, o médico afirmou que era normal.
Na madrugada do dia seis de novembro, o quadro clínico da criança se agravou e um médico que estava de plantão no Imaculada Conceição foi acionado, mas se negou a prestar atendimento. Ele afirmou para a mãe que não estava a disposição para atender internamento, somente emergências. “Até um pouco meio agressivo e nervoso”, afirma o pai. Ele orientou a mãe a chamar o médico responsável pelo parto.
Além dos gemidos, a criança não se alimentava, mas o médico teria afirmado para os pais que era normal. De acordo com o pai, o clínico teria afirmado que a criança levava até três dias para pegar no peito. Mesmo assim receitou glicose. Na tarde do dia seis, o médico teria tentado dar alta hospitalar para mãe, que não aceitou já que a criança estava com dificuldades.
Descaso
O retrato do descaso no atendimento do recém-nascido fica destacado em conversa entre o diretor do Hospital Imaculada Conceição e o pai Adilson Bunn. O gestor da unidade teria procurado o telefone de um médico pediatra na internet, para que o pai levasse o bebê na segunda-feira. Mas, seria uma consulta de rotina.
Nos prontuários do atendimento do hospital de Nova Trento também está relatada as dificuldades da criança. Em um deles a enfermeira relata sinais de desidratação e falta de alimentação do bebê.
Quatro se agravou no terceiro dia
No sábado (8), o quadro da criança foi se agravando. O médico foi acionado novamente para analisar a situação da criança, já que apresentava sinais de desidratação. A enfermeira ligou para o médico e na segunda tentativa teve sucesso. Ele deu alta por telefone. No relato do prontuário preenchido pela enfermeira Neia, consta que o médico afirmou que passaria na unidade hospitalar em outro horário para preencher a documentação da liberação da mãe e do bebê.
Sem uma receita de anti-inflamatórios ou anestésicos, mãe e criança foram liberados. Ao chegar em casa foi tirado leite da mãe e tentado alimentar o menino com uma seringa, mas a criança não aceitou. No mesmo momento a família se deslocou para o hospital Infantil. “Foi uma hora e 20 minutos os piores da minha vida. Eu via o meu filho morrendo dentro do carro e não podia fazer nada”.
No hospital infantil a criança foi atendida imediatamente e os problemas diagnosticados. A primeira coisa foi a desidratação, que eles afirmaram que estava numa situação delicada. Os médicos do hospital infantil afirmaram para os pais, que se demorassem mais uma hora para atendê-la, a criança teria entrado em óbito.
A criança teve uma pneumotórax ao nascer, mas isso não foi diagnosticado em Nova Trento. O pulmão da criança teria se rompido, e quando respirava o ar vazava. Foi criando uma camada de ar entre as costelas e o pulmão e comprimindo o órgão.
Com os atendimentos emergenciais no Hospital Infantil a criança começou a se recuperar. André Brunn já está em casa. Com a melhora no estado de saúde do filho o pai Adilson Bunn, acionou o Ministério Público para que investigue o atendimento e obrigue o município a fornecer os profissionais necessários para o atendimento.
Prefeitura de Nova Trento e a direção do Hospital ainda não se manifestaram sobre os procedimentos. Informações dão conta que o procedimento administrativo também está sendo aberto pela Administração Municipal para apurar o caso. Na segunda-feira (23), o secretário de Saúde, Maxiliano de Oliveira dará entrevista a Super FM e vai abordar esse assunto.
PNEUMOTÓRAX
O que é?
É o acúmulo anormal de ar entre o pulmão e uma membrana (pleura) que reveste internamente a parede do tórax. Este espaço, que normalmente é virtual, se chama espaço pleural.
O que acontece?
O ar, ao entrar entre o pulmão e a parede torácica, pode comprimir o pulmão e causar dificuldade para respirar. Além disso, quando o pneumotórax é grande, ele pode fazer com que o coração se desloque, levando a alterações nos batimentos do coração e, até, à morte.
OUÇA A ENTREVISTA: JABSON ALEXANDRE CONVERSOU COM ADILSON BUNN:
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