O nome do Bairro Colônia foi alterado no ano passado, com objetivo de resgatar a história de berço da colonização italiana no Brasil. Documentos históricos mostram que a localidade de Colônia Nova Itália foi à pioneira. Apesar disso, o presidente Michel Temer sancionou na sexta-feira (12) uma lei que retirou de São João Batista a condição e reconhece Santa Teresa, no Espírito Santo, como “Pioneira da Imigração Italiana no Brasil”. Lideranças da comunidade e autoridades do município já se mobilizam para alterar a decisão do presidente.
Documentos comprovam que São João Batista recebeu os primeiros italianos 39 anos antes de Santa Teresa. O historiador Paulo Vendelino Kons, responsável pela organização recente da festa dos 180 anos da Imigração Italiana no Brasil, na Colônia Nova Itália, trata a questão como um erro histórico do governo federal e do Congresso Nacional. Em 1836 foi fundada, por 132 imigrantes católicos do Reino da Sardenha (precursor do Reino de Itália), a primeira colônia de italianos no Brasil, a Colônia Nova Itália, localizada no vale do Rio “Tijucas Grande”, no hoje município de São João Batista.
Os pioneiros imigrantes italianos, que viriam colonizar e desenvolver terras brasileiras, aportaram em março de 1836 à baía norte da Ilha de Santa Catarina, no porto do Desterro (hoje Florianópolis), transportados pelo navio Correio. E o início da colonização italiana no Espírito Santo ocorreu 37 anos e 11 meses após, em 21 de fevereiro de 1874, quando o navio La Sofia chegou a porto de Vitória, com 388 camponeses trentinos e vênetos. A iniciativa da lei que concedeu o “título” à cidade capixaba foi do deputado federal Sérgio Vidigal (PDT-ES).
Lideranças da comunidade, da Associação dos Descendentes e Amigos do Núcleo Pioneiro da Imigração Italiana no Brasil e do município de São João Batista já estão mobilizadas para, primeiro, aprovar uma lei estadual sobre o assunto e em seguida contrapor a legislação aprovada no Congresso Nacional e sancionada pelo presidente. As lideranças catarinenses e os descendentes dos primeiros italianos no Estado avaliam, ainda, que a votação e a promulgação da lei se deu sem o devido levantamento histórico. Foi apresentada no Congresso e votada sem que ninguém fosse verificar fatos anteriores ao proposto.