
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do país, registrou alta de 0,24% em junho de 2025, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Apesar da desaceleração em relação ao mês anterior, quando o índice avançou 0,26%, a inflação acumulada em 12 meses chegou a 5,35%, ultrapassando o teto da meta estipulada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que é de 4,5%.
Essa é a sexta vez consecutiva que o índice supera o limite da meta estabelecida pelo regime de metas contínuas, em vigor desde janeiro de 2025. Com isso, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, será obrigado a encaminhar uma carta pública ao Ministério da Fazenda explicando as razões do descumprimento da meta e as medidas a serem tomadas para reconduzir a inflação ao intervalo permitido.
Principais pressões de alta
O grupo Habitação teve a maior variação positiva no mês, com avanço de 0,99%, impulsionado principalmente pelo aumento de 2,96% na energia elétrica residencial. A alta foi influenciada pela entrada em vigor da bandeira tarifária vermelha patamar 1, que acrescenta custos extras à conta de luz.
Também contribuíram para o aumento do IPCA os reajustes em taxas de água e esgoto, além de elevações nos preços de gás encanado e condomínio.
Alívio nos alimentos
Em contrapartida, o grupo Alimentação e Bebidas apresentou deflação de 0,18% em junho, a primeira desde agosto de 2024. A alimentação no domicílio caiu 0,43%, com destaque para quedas nos preços de ovos (-6,58%), arroz (-3,23%) e frutas (-2,22%). Já a alimentação fora de casa teve aumento de 0,34%, mas com desaceleração em relação aos meses anteriores.
Inflação de serviços segue pressionada
Apesar do alívio nos alimentos, a inflação de serviços permanece elevada, refletindo pressões ligadas ao mercado de trabalho aquecido e à inércia inflacionária. Esse componente tem sido um dos principais obstáculos para a convergência da inflação à meta, segundo analistas econômicos.
Expectativas e próximos passos
Com a inflação persistentemente acima do teto da meta, economistas veem como improvável o cumprimento do objetivo de 3% para este ano. A projeção de retorno ao intervalo de tolerância se desloca agora para meados de 2026.
A manutenção da taxa básica de juros (Selic) em níveis elevados é apontada como uma das principais ferramentas disponíveis para conter a inflação. No entanto, o cenário é desafiador, diante de pressões externas, políticas fiscais expansionistas e eventos climáticos que afetam preços de alimentos e energia.
A divulgação da carta do Banco Central ao Ministério da Fazenda deve oferecer mais detalhes sobre a estratégia da autoridade monetária para lidar com o desvio da meta e retomar o controle dos preços.
Resumo do IPCA de junho de 2025
Grupo | Variação mensal (%) |
---|---|
IPCA geral | 0,24 |
Alimentação e Bebidas | -0,18 |
Alimentação no domicílio | -0,43 |
Alimentação fora do domicílio | 0,34 |
Habitação | 0,99 |
Energia elétrica residencial | 2,96 |
Inflação acumulada em 12 meses: 5,35%
Com esse cenário, aumenta a pressão sobre o governo e o Banco Central para ajustar políticas econômicas e fiscais que permitam a retomada da trajetória de estabilidade dos preços nos próximos trimestres.