Menina chegou a ser levada novamente ao hospital que fez a declaração do óbito. Segundo prefeitura, foi constatada de novo a morte e Polícia Científica fará laudo conclusivo.
Uma bebê de 8 meses foi retirada do próprio velório após apresentar sinais vitais em Correia Pinto na noite de sábado (19). De acordo com a prefeitura, a criança foi levada ao hospital, que constatou novamente a morte.
O momento gerou comoção entre todos os presentes, e imediatamente a criança foi levada para receber os devidos cuidados médicos. O ocorrido levantou questionamentos sobre o diagnóstico inicial, trazendo um misto de alívio e perplexidade para os familiares e todos que acompanharam o caso.
O acontecimento abalou Correia Pinto e repercutiu no estado e no país. O hospital do município serrano atestou a morte de uma bebê de oito meses e liberou o corpo para o velório, mas, durante a cerimônia, familiares teriam notado que a temperatura corporal da criança se mantinha e que não havia rigidez no corpo, além de terem tido a sensação de que a menina mexia os braços e as mãos dentro do caixão. Um farmacêutico, o Conselho Tutelar e o Corpo de Bombeiros foram chamados, e teriam constatado, por meio de oxímetro infantil e estetoscópio, que a criança apresentava saturação e batimentos cardíacos fracos, além de pupilas contraídas e não reagentes e arroxeamento em algumas partes do corpo.
Um relatório enviado pelo 5º Batalhão de Bombeiros Militar traz detalhes sobre o atendimento.
A guarnição foi acionada informando ocorrência envolvendo vítima, feminina, menor, a mesma estava sendo velada em cerimônia fúnebre. Chegando no local, e confirmada a natureza da ocorrência, já estava com a vítima um farmacêutico de uma farmácia próxima do local, que com a utilização de um oxímetro infantil aferiu os sinais, o mesmo mostrando saturação e batimentos. ( 83 SPO2 / 66bpm), foi verificada a presença de batimento cardíaco, com a utilização de estetoscópio, apresentando batimento fraco, após foi realizada a perfusão em membros inferiores, constatada a normalidade da perfusão e não apresentando rigidez nos membros inferiores.
Na sequencia foi realizada a verificação das pupilas, estando as mesmas contraídas e não reagentes. Foi verificado também edemas na região do pescoço e parte posterior das orelhas. Havendo a existência de batimentos cardíacos e saturação, foi realizado o transporte da mesma ao hospital.
Chegando ao hospital, a equipe médica, realizou a verificação da oximetria e batimentos novamente dando resultados de 84 Spo2 / 71bpm. Logo após foi realizado eletrocardiograma e de acordo com o médico plantonista, o exame não detectou sinais elétricos. O bebê permaneceu no hospital, sendo acionado o IGP.
A Polícia Civil foi acionada e a Policia Científica fará um laudo conclusivo em até 30 dias.
MPSC requisitou a apuração das circunstâncias da morte de bebê que teria apresentado sinais.
Assim que soube do caso, na noite de sábado (19/10), o Promotor de Justiça da comarca expediu um ofício para que a Delegada de Plantão e a Polícia Científica de Lages iniciassem diligências a fim de apurar as circunstâncias da morte da criança, com especial atenção à realização de exame cadavérico para constatar o horário e as causas do óbito
O Promotor de Justiça da comarca, Marcus Vinicius dos Santos, foi informado pelo Conselho Tutelar e, imediatamente, expediu ofício requisitando que a delegada de plantão e a Polícia Científica iniciassem diligências para apurar as circunstâncias da morte da criança, priorizando a realização de exame cadavérico para determinar o horário e as causas do óbito, além de requisitar o prontuário médico da menina e a oitiva do médico, dos pais e de testemunhas, sobretudo dos bombeiros e das conselheiras tutelares que atenderam o caso. Solicitou-se, ainda, que a autoridade policial responda até segunda-feira (21/10) sobre as providências adotadas após o conhecimento dos fatos para acompanhamento da investigação pelo Ministério Público de Santa Catarina (MPSC).
O que diz a família
O pai relatou que a criança passou mal na noite de quinta-feira (17/10) e foi levada ao hospital. O médico teria diagnosticado uma virose, aplicado soro, receitado medicamentos e liberado a paciente. Ela voltou a passar mal na madrugada de sexta-feira, foi novamente levada ao hospital e o mesmo médico teria atestado a morte por volta das 3 horas da manhã. As informações contidas na declaração de óbito seriam divergentes das repassadas à família. O médico teria informado que a causa da morte seria asfixia por vômito, mas, na declaração de óbito, constava desidratação e infecção intestinal bacteriana.
O velório começou entre 6 e 7 horas, mas a bebê teria apresentado sinais de vida durante a cerimônia. Ela foi levada novamente pelos bombeiros ao hospital por volta das 19 horas, diante da constatação de batimento cardíaco e saturação baixa em oxímetro, palpação e auscultação. Após a realização de um eletrocardiograma, a direção declarou que não foram constatados sinais vitais.
Atuação do Ministério Público
O Promotor de Justiça Marcus Vinicius dos Santos explica que o MPSC requisitou a apuração do caso à Delegacia de Polícia e acompanhará a investigação para verificar se, em algum momento, desde o primeiro atendimento médico, houve negligência em relação à vida da criança por qualquer um dos envolvidos. As informações trazidas pelos órgãos, principalmente os laudos da Polícia Científica e a análise do prontuário médico, irão direcionar eventuais medidas que possam ser adotadas, tanto no âmbito criminal quanto no cível.
“É precipitado, no momento, tirar qualquer conclusão sobre o caso antes da realização dos laudos, mesmo porque, apesar da presença de poucos batimentos cardíacos até o retorno da criança ao hospital, os bombeiros também constataram outros sinais compatíveis com a morte, como pupilas dilatadas e não reagentes e arroxeamento em algumas partes do corpo. A perspectiva é de que os laudos cadavérico e anatomopatológico fiquem prontos dentro de um mês. A investigação busca dar respostas à família, à população e também ao hospital, além de verificar a regularidade dos procedimentos”, explica o Promotor de Justiça.