Podemos escolher o que plantar, mas seremos obrigados a colher o que plantamos. E as hostilidades recebidas por Gian Voltolini (PP) em reunião dos partidos da frágil base de sustentação ao seu Governo, deixam isso cada vez mais evidente. Faltando 10 dias para fim do prazo para as convenções partidárias, as siglas que orbitam o paço municipal ainda não chegaram a um entendimento.
Na noite de domingo (24), 95 pessoas se reuniram e o dedo foi na ferida. Orivan Orsi (PSDB) afirmou que teria “mil motivos para não apoiar Gian”, que é contra a reeleição e “que não vai mudar sua opinião”. Relação entre os dois chegou a um ponto sem retorno. Voltolini se nega a cumprir acordos, Orsi não aceita imposição de candidatura.
Em reunião recente o ex-prefeito já havia esbravejado contra as atitudes adotadas pelo prefeito neotrentino e o acusado de traição. Aliás, ‘traição’ e ‘acordo’ são as palavras mais ditas dentro do ninho dos tucanos nas últimas semanas. Imagem que vai prejudicando ainda mais o entendimento entre as siglas. Na situação atual, PP e PSDB se digladiam em praça pública para uma plateia atônita.
O vento plantado por Gian nos últimos meses, inclusive com a promessa de cargos para outros partidos no caso de uma reeleição, resultou na colheita da tempestade. Titulares ficaram sabendo das negociatas e o ranger de dentes foi imediato. Novamente a palavra do prefeito foi colocada em xeque. Impulsionado pelas resistências de Orivan Orsi, a construção da reeleição está atingido o inconciliável.
Desenha-se agora o lançamento de dois novos nomes para a disputa. Com ou sem Gian. Jaison Marchiori (PSDB) discursou na noite de domingo, já em tom de pré-candidato. Disse que pode ser vice, mas que também está preparado para ser o candidato na cabeça de chapa. Arrancou aplausos da plateia composta por membros dos partidos da base. Gian assistiu a tudo e teve tempo para falar.
Mesmo com as chances de comparação com os 12 apóstolos bíblicos, Gian abraçou e beijou Orivan. No fim da reunião foi alvo de piadas internas e vitima de comparações com o beijo e as 30 moedas. O trocadilho ficou por conta dos bastidores, afinal, após as acusações de traição, o beijo ficou como símbolo da reunião. Mesmo assim, pediu que os partidários o defendessem nas ruas com relação ao processo que corre no TRE/SC, e afirmou “que independente do que aconteça”, estarão todos juntos após as convenções.
As chances de uma candidatura à reeleição com apoio integral do PSDB em Nova Trento são cada vez mais remotas. Sai desse imbróglio um partido dividido, que poderá se esfacelar completamente caso não encontrem a saída da candidatura alternativa, com dois novos nomes. A reboque estão levando os partidos menores, que estão no entorno de PP e PSDB.
Se não podem contar com a palavra do prefeito, vão tentar na quinta-feira chegar a uma solução dentro da coligação ou parte dela. Pode sair dai o rascunho do que teremos na campanha eleitoral, ou o fim de uma coligação que governou o município nos últimos oito anos. No que depender de Orivan, reafirmado no encontro de domingo, Gian não vai à reeleição. Quanto a Voltolini, resistência parece à palavra de ordem.
O calendário eleitoral anda, e faltam 10 dias para fim do prazo para definir se vai ou racha.
